A Base de Alcântara foi construída no início dos anos 80 e inaugurada em 1983 pela Aeronáutica. O local foi escolhido por sua singularidade, em excelente posição de latitude, condições de vento e regime de chuvas. Quanto mais próxima da Linha do Equador, mais favorável fica para o lançamento de foguetes e satélites para entrada na órbita terrestre. Alcântara fica no paralelo 2o S.
Eis que, com a construção da base, dezenas de famílias foram desapropriadas e enviadas para agrovilas na Região Metropolitana de São Luís – onde Alcântara se encontra. A partir de então, diversas ONGs passaram a atuar denunciando a construção da base, argumentando que populações quilombolas foram desalojadas de suas terras ancestrais.
Essas denúncias foram incorporadas ao projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, que recebeu financiamento da Fundação Ford, no valor de 200 mil dólares, verba muito superior a qualquer programa de assentamento do INCRA. Apesar disso, nos últimos anos, muitas dessas famílias foram assentadas por um programa do governo federal, com direito a título de propriedade.
Apesar da luta para a construção da base, com seu Centro de Lançamentos, que sofreu com a explosão do lançamento em 2003, o uso potencial da base fica comprometido com a diretriz política do governo, que prefere se desfazer dos ativos, de seu patrimônio, entregando a terceiros e alugando pelo seu uso. Por isso, o satélite brasileiro lançado este ano foi aos céus em uma base indiana, projeto em que o Ministério da Defesa teve que brigar com “Posto Ipiranga” Paulo Guedes para tirar do papel.