Por Josh Del Castillo.
Começo esse pequeno ensaio “chovendo no molhado”, desenhar um cenário de durma concêntrica, do menor círculo para o maior.
Para isso, é preciso iniciar entendendo que o Grupo Globo, e toda a grande mídia brasileira como um todo, é porta-voz do nosso inimigo, nosso que digo, do povo brasileiro. Esse inimigo não quer nosso povo sendo bem alimentado, vivendo com dignidade, com acesso a bons empregos, moradia digna, informação de qualidade, nada disso. Esse “inimigo” quer a gente justamente onde estamos: de joelhos, implorando por uma oportunidade para ser explorado por uma dessas big techs de entrega de lanche, ou por outra de transporte privado, cujo único custo é a de manter um programa de computador funcionando, e centralizar os pagamentos. O custo operacional de fato fica a cargo dos “colaboradores”.
O “nosso inimigo”, o que banca as pautas da nossa grande mídia, hoje já possui poder para também pautar, via algoritmos, o nosso acesso a informação também fora da grande mídia. E também utiliza de seu enorme poder econômico para filtrar quais informações devem ou não chegar a nossos servidores de internet.
Enfim, há uma infinidade de possibilidades de manipulação da percepção da realidade que se conhece hoje, e que são estudadas há décadas. George Orwell já nos alertava no clássico “1984”, em que se defendia que um novo paradigma linguístico se estava estabelecendo no mundo, a fim de, em subvertendo o sentido das palavras, se manter em rédea curta todos os povos da Terra por uma potência universal. Talvez a realidade em 1949 o empurrasse para perceber que essa “potência universal” seria um tipo Governo Absolutista Mundial baseado no modelo de “Estado -Nação” que levou o mundo ao caos no início do século XX. Mas esse conceito meio que se adaptou no decorrer do século XX e início do XXI, e hoje se apresenta mais próximo da concepção descrita por Jonh Perkins: “Corporatocracia” – um enorme Cartel de Corporações Gigantes que controlam governos Títeres em países poderosos, para que estes atuem como seus prepostos.
Sem cair na esparrela da marafunda de teorias malucas conspiratórias que, propositalmente, pipocam pelas redes, há de se desconfiar sim de toda e qualquer “unanimidade” que se pretenda, principalmente quando imposta por estes mesmos governantes títeres acima, em conjunto com esses mesmos meios de comunicação alinhados com esses mesmos interesses corporativos do grande cartel.
Destaque para essa relativamente recente difusão de teorias malucas que vão, desde terraplanistas a Antivacinas, passando ambos pela paranoia de “domínio de seres não humanos perpetuados nas castas superiores da sociedade mundial que se deseja fazer um Império mundial de submissão da raça humana real” (desculpa, mas foi o melhor resumo que consegui fazer).
Há também de se desconfiar que a incitação subterrânea para que tais insanidades ocupem espaço nas redes pode ser também estratégia para engessar o debate sobre tudo aquilo que foi dito (ou escrito) nos parágrafos anteriores. Ou seja, quando alguém, dotado de uma capacidade padrão de análise, começa a juntar as peças e tecer alguma crítica ao padrão de dominação que se observa ao fundo do horizonte, esse alguém passa a ser, automaticamente, associado a essas teorias insanas – tanto por algoritmos quanto por “penas de aluguel” a postos nas redes (e, acreditem, hoje é muito barato alugar perfis em redes, justamente pelo cenário de precarização descrito acima).
É triste e frustrante ter que testemunhar uma obra de ficção científica distópica se tornando em realidade.
Pode ser que algumas premissas descritas em “1984” tenham atrasado um pouco, justamente porque aquele mundo bipolar da Guerra Fria não permitisse a ambos os lados deixar que o outro percebesse a trama e usasse disso para desacreditar o outro. Mas, quando um polo foi derretido, o outro se sentiu livre para, nas palavras do personagem “Brain” da WB, “Dominar o Mundo”.
Mas, como já dizia um velho conhecido nosso, referência na análise de Materialismo Dialético: para cada Tese sempre haverá sua antítese. Os chineses pensaram nisso há milênios: cada Ying tem seu Yang. Por isso digo que hoje estamos vivenciando uma exposição incômoda da Antítese Geopolítica para a Tese estabelecida. Pode não ser a Antítese que desejavam nossos teóricos sociais, mas é a que a História construiu.
E, ao final, dessa longa e enfadonha explanação, é possível concluir que: se ainda resta alguma dúvida de que a Tese Geopolítica atual é o principal motivo de todo entrave ao desenvolvimento da qualidade de vida de nossa população, porque tanto esforço em nos fazer odiar a Antítese que se apresenta? Em miúdos: A Rússia, nem a China, em seus milênios de história, nunca moveram um dedo para prejudicar o nosso modo de viver, nunca fomentam um único golpe de Estado ou intervieram em nenhuma região que não fosse estritamente limítrofe a seus territórios, nunca colonizaram, escravizaram ou promoveram genocídios boa continentes africano ou americano. Bem ao contrário dos EUA e seus aliados da Europa ocidental.
Mas, toda essa estrutura de mídia montada com todo esse poder mundial tem por razão principal fazer com que as pessoas nutram ódio por quem nunca lhe fez mal e idolatrem como heróis seus algozes recorrentes. Porque para difundir a verdade, não há a necessidade de repeti-la 24 horas por dia, 7 dias por semana, em todos os meios disponíveis. A verdade se basta por si mesma. A mentira é que precisa de ser sustentada o tempo todo, porque sozinha, ela fatalmente vai cair.