O assassinato do primeiro-ministro Shinzo Abe, no melhor estilo colombiano, numa sociedade tida e a vista como pacífica, apresenta mais perguntas do que respostas.
De perfil conservador, liberal mas ao mesmo tempo nacionalista e defensor do bem-estar social, ele teria um perfil político difícil de assimilar na nossa cultura. É impossível dentro desse Fla-Flu que nós vivemos imaginar alguém com o seu perfil.
Porém tem algo que salta aos olhos numa análise um pouco mais apurada, aonde o primeiro-ministro com mais tempo no poder na história do pós-guerra japonês poderia influenciar e talvez esteja aí o cerne, a estrutura de onde saiu o atentado que ceifou a sua vida.
Abe tinha na sua programação de governo um projeto de reaproximação com a China e com a Coreia do Sul, países estruturalmente hostis ao Japão, principalmente no que tange as atrocidades cometidas durante tropas nipônicas na segunda guerra Mundial.
Ele tentava uma aproximação regional que afrontava os interesses ocidentais, leia-se EUA e seus principais parceiros, na região, a criação de um novo bloco estritamente asiático nunca foi bem visto pelos olhos de Washington e do Pentágono.
Dá a impressão que a eliminação do mesmo põe água nessa fervura e mantém o Japão domado e domesticado pelos seus tutores desde que os mesmos despejaram dois artefatos nucleares em seu território.
Não se enganem, esse é um dos métodos alternativos e altamente eficazes que o Ocidente utiliza para manter a democracia e o mundo livre, democracia e mundo livre para eles e não para nós fique bem entendido.