Diante da declaração do ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, que diante da crise ucraniana, “o Brasil teria saído de cima do muro”, coube a Aldo Rebelo ironizar: “se o Brasil desceu do muro, desceu do lado errado”.
Justificando-se Aldo diz que em reunião do Conselho de Segurança da ONU, no ano passado, a Rússia vetou uma proposta que tornava a defesa das reservas florestais (onde não como não pensar na Amazônia) como pauta de segurança coletiva. Abstiveram-se na votação Índia e China, praticamente nossos parceiros de BRICS.
Além do mais, a Ucrânia de Zelensky persegue opositores, ao fechar diversos partidos de oposição, sobretudo os de esquerda.
Aldo reconhece que Lula pode ter sido pressionado, pelos EUA, a se afastar diplomaticamente da Rússia e da China, o que parece ter se negado a fazer, a despeito da declaração infeliz do seu chanceler. Contudo, uma condenação à Rússia não deveria ter sido incluída na declaração final de uma reunião bilateral.
As concessões vieram sobretudo na agenda para a Amazônia e para as políticas identitárias. Para Aldo, Lula adotou uma visão “santuarista” da região, como se um “jardim botânico” e uma “reserva legal” dos países ricos, o que é decorrente das pressões desses países e dos lobbies identitários que se encastelaram nos partidos de esquerda e na “frente ampla” que o levou ao poder.
Maior símbolo da vitória do lobby indigenista e ambientalista é a ministra dos Povos Originários se gabar de sobrevoar Roraima a bordo de um avião do Greenpeace. A mesma ministra que viaja à Europa para receber grandes condecorações das casas reais de lá enquanto manda uma banana para monarquia brasileira.
Mas ainda pior é Lula propor em Washington um regime de governança para a biodiversidade da Amazônia, colocando-a “para o uso de todos”. De todos quem, presidente? Evidentemente, pontua Aldo, que os beneficiários serão os laboratórios das empresas farmacêuticas e não as cadeias produtivas dos países latino-americanos e africanos.
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