
De volta de uma viagem diplomática à China, o presidente francês Emanuel Macron advertiu que a Europa deve diminuir sua dependência em relação aos Estados Unidos, caso a tensão entre essas duas grandes potências mundiais aumente devido a questão de Taiwan.
Em entrevista a um correspondente do site estadunidense “Politico”, Macron disse que “o grande risco” que a Europa enfrenta é que ela “seja apanhada em crises que não são nossas, o que a impede de construir sua autonomia estratégica”. O presidente falou isso na viagem de Pequim a Guangzhou, no sul da China, a bordo da COTAM Unité, a Força Aérea Um da França.
Ao criticar a postura da Europa em relação dos EUA, propõe que a Europa ensaie uma construção de um bloco autônomo em relação aos EUA, à Rússia e à China, logicamente liderado pela França – ainda que enfrente, no plano doméstico, uma crise política interna em função da reforma previdenciária.
Macron aproveitou a viagem à China, em companhia da presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, para argumentar que a Europa aumentou sua dependência dos Estados Unidos no fornecimento de armas e energia e agora deve se concentrar em impulsionar as indústrias de defesa europeias. Com as restrições ao fornecimento de gás russo, os europeus passaram a comprar mais dos EUA.
Também sugeriu que a Europa deveria reduzir sua dependência em relação à “extraterritorialidade do dólar americano”, um objetivo político fundamental tanto de Moscou quanto de Pequim.
Parece que o presidente francês procura uma oportunidade para retomar a política francesa, consagrada por Charles de Gaulle, de liderar um bloco europeu, política esta que teve na presidência de Jacques Chirac (1995-2007) o seu último expoente, quando este, em colaboração com o então chanceler Gerard Schroeder, manifestou oposição à Guerra do Iraque, um dos pilares da política externa do presidente George W. Bush.