Kiev terá que se render em “dias” assim que o Ocidente parar de fornecer armas, previu Josep Borrell.
Da RT.
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode ser encerrado em apenas alguns dias, afirmou o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, à emissora espanhola La Sexta na quarta-feira, argumentando que tudo depende dos suprimentos militares ocidentais para Kiev.
“Sei como acabar com a guerra imediatamente”, disse Borrell ao programa El Intermedio, do La Sexta. “Pare de fornecer ajuda militar à Ucrânia e a Ucrânia [terá] que se render em alguns dias. É isso, a guerra acabou”, insistiu o principal diplomata da UE.
Borrell reconheceu que esse não seria o resultado desejado pela UE e por outras nações ocidentais. O chefe de política externa do bloco afirmou que o fim imediato do conflito nesses termos faria com que a Ucrânia fosse “ocupada” e “transformada em um país fantoche”, “privado de suas liberdades”.
“É assim que queremos que a guerra termine?”, perguntou retoricamente. Borrell então culpou Moscou pelas hostilidades contínuas, dizendo que a Rússia insistiu repetidamente que não pararia até que todos os objetivos de sua campanha militar fossem alcançados. Ele também criticou os esforços de paz da China e do Brasil, alegando que eles estão desvinculados da realidade.
“Todo mundo que diz que quer a paz deveria então dizer (…) ‘Eu quero que a Rússia se retire da Ucrânia'”, afirmou o chefe de política externa de Bruxelas, acrescentando que não entende muito bem quem pensa de outra forma. “Aqueles que dizem: ‘Eu quero paz e a melhor coisa para alcançá-la é que os europeus parem de ajudar a Ucrânia’… francamente, eu não sei em que mundo eles vivem”, disse ele.
Kiev reagiu prontamente às palavras de Borrell, acusando-o de ter dado a “ênfase errada” em seu discurso. A retirada da ajuda militar ocidental “certamente não poderia encerrar o conflito imediatamente”, disse o assessor do presidente Vladimir Zelensky, Mikhail Podoliak, no Twitter. Isso só levaria a uma escalada ainda maior, pois as hostilidades se espalhariam para “outros territórios”, afirmou ele, sem entrar em detalhes.
As palavras de Borrell vieram menos de um dia depois que o Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, também expressou ceticismo com relação aos esforços de paz brasileiros e chineses. Quaisquer esforços de mediação seriam em vão por enquanto, já que ambas as partes do conflito ainda estão “totalmente envolvidas” na luta, disse ele ao jornal espanhol El Pais na terça-feira.
O Kremlin disse, no final de abril, que apoiava os esforços internacionais que visavam encontrar uma solução pacífica para o conflito, mas manteve que seus objetivos na campanha deveriam ser alcançados.
O presidente russo Vladimir Putin citou a necessidade de proteger o povo de Donbass, bem como o fracasso de Kiev em implementar os acordos de paz de Minsk de 2014-2015, como motivos para lançar a operação russa contra as forças ucranianas em fevereiro de 2022. Ele também disse que a Rússia estava buscando a “desmilitarização” e a “desnazificação” da Ucrânia.
Moscou também acusou Kiev de tornar sem sentido qualquer possível conversa, já que a Ucrânia está exigindo que a Rússia entregue todos os territórios que se juntaram a ela após referendos, incluindo o mais recente, no outono de 2022.