Por Lorenzo Carrasco.
Com o seu draconiano plano de austeridade financeira, que está asfixiando a maioria dos argentinos, o flamante presidente Javier Milei parece estar empenhado em seguir as pegadas do seu infeliz antecessor Fernando de la Rúa, que governou a Argentina entre 1999 e 2001 e deixou o país mergulhado na pior crise socioeconômica de sua história.
E entrou para a história a cena do presidente, literalmente, fugindo de helicóptero da Casa Rosada sitiada por uma multidão enfurecida.
Nesta terça-feira 23, uma multidão estimada em centenas de milhares de pessoas ocupou o Centro de Buenos Aires para protestar contra os cortes nos orçamentos da educação e outras medidas impostas por Milei, que na véspera convocou uma cadeia nacional de televisão e rádio para “celebrar” o superávit orçamentário de 0,2% do PIB obtido no primeiro trimestre do ano, o primeiro desde 2009. Em contrapartida, estima-se que uns 60% da população argentina tenha caído na linha da pobreza, devido à retração da atividade econômica resultante do plano de Milei, que se define como um libertário seguidor radical da Escola Austríaca de Economia Política.
Em paralelo, Milei está gerando ondas de mal-estar no subcontinente sul-americano, com o seu alinhamento radical aos EUA e a pretensão de tornar a Argentina um apêndice da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), para o que anunciou a construção de uma base naval binacional em Ushuaia, a ser compartilhada com a Marinha dos EUA.
Nisto, revela-se um imitador de Carlos Menem (1989-1999), com sua política de “relações carnais” com os EUA, olvidando-se convenientemente o papel de Washington no apoio ao Reino Unido na Guerra das Malvinas de 1982 e a destruição do sistema de segurança coletiva panamericano, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).
Mas a pretensão também está gerando ondas de choque nos meios políticos.