Um documento interno informativo do Departamento de Agricultura da República da Irlanda solicita um orçamento de 200 milhões de euros para abater 65 mil vacas por ano, durante três anos, a fim de atingir as metas climáticas, perfazendo um total de 195 mil vacas no total.
De acordo com as autoridades locais, a medida seria necessária para conter a emissão de gases feita pelos rebanhos, de modo a cumprir as metas de emissão de gases às quais o país se submeteu, assumindo-se que os gases emitidos pelos bovinos contribua para o “aquecimento global”, apesar de pontos de vista contrários.
Tal medida também desconsidera o papel da agricultura e da pecuária na economia irlandesa, sendo o país um exportador de carne bovina.
Em novembro de 2021, mais de 100 países se comprometeram a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030 na COP26 em Glasgow, em uma iniciativa apresentada pelos EUA e pela União Europeia. Para o governo irlandês, a redução teria que vir do setor agrícola, dentro de uma meta de redução de gases entre 21 a 30% deste setor.
De acordo com analistas do governo, um corte de 30% exigiria um corte de 20% no número de cabeças de gado, 22% do rebanho bovino e 18% do rebanho leiteiro. Com 6,5 milhões de cabeças de gado no país, de acordo com dados oficiais do Escritório Central de Estatísticas, isso equivale a uma redução de 1,3 milhão do rebanho nacional. A meta mais baixa, de 21%, significaria uma redução de cerca de 5%, ou 325 mil cabeças de gado.
As associações de produtores denunciam as propostas como uma forma de salvar o governo do que o setor rural do país, que seria devastado pela medida.
Anteriormente, o governo havia incentivado a expansão da criação de gado para explorar o fim das cotas de leite da União Europeia. Os fazendeiros investiram em novos equipamentos e o rebanho leiteiro cresceu quase a metade na última década. A manteiga, o queijo e outros produtos irlandeses – 90% são exportados – encheram as prateleiras dos supermercados em todo o mundo.
Não custa lembrar aos brasileiros que foi a Irlanda que propôs, no Conselho de Segurança da ONU, que a proteção ao meio ambiente, incluindo, claro, a Floresta Amazônica, fosse considerada como ameaça a segurança internacional, com votos favoráveis da EUA, França e Reino Unido, mas vetada, para nosso alívio, pela Rússia.