Do Movimento de Solidariedade Ibero-americana.
O ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol negociou em sigilo com as autoridades dos EUA um acordo para repartir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades, como parte dos desdobramentos da Operação Lava Jato.
O fato já era conhecido, mas foi detalhado em uma reportagem do UOL e da newsletter “A Grande Guerra”. As conversas entre procuradores da Suíça e do Brasil se estenderam pelo aplicativo Telegram por mais de três anos e não eram registradas oficialmente. Na ocasião, as autoridades suíças desempenhavam um papel ativo na busca, confisco e detalhamento das contas usadas como destino das propinas investigadas na Lava Jato. Os dois lados decidiram envolver a Justiça estadunidense, pois a Petrobras tem ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York e, por conseguinte, está submetida à legislação estadunidense sobre governança corporativa.
Como se sabe, em 2019, o Departamento de Justiça e a Securities and Exchange Commission (SEC) determinaram que 80% da multa, equivalente a R$ 2,5 bilhões, fosse entregue ao Ministério Público Federal (MPF). A pretensão de Dallagnol era utilizar esse montante para criar uma fundação privada para o “combate à corrupção”, mas que mal conseguia ocultar as intenções políticas do grupo. A pretensão foi barrada apenas pela reação imediata do Congresso Nacional, Procuradoria-Geral da República, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outros setores da sociedade, levando Dallagnol a recuar da
intenção.
Na ocasião, não poucos passaram a referir-se ao ainda procurador como “Dollargnol”, com toda justiça.