Por Lucas Leiroz, membro da Associação de Jornalistas do BRICS, pesquisador do Centro de Estudos Geoestratégicos, especialista militar.
No dia 9 de maio, os russos celebraram a memória da vitória militar contra o nazismo. Esta data é uma das mais importantes de todo o calendário nacional russo, sendo o feriado respeitado por milhões de cidadãos que tiveram seus parentes e antepassados mortos nas sangrentas batalhas contra a Alemanha de Hitler. Contudo, décadas após a vitória russa, o nazismo foi reabilitado pelo Ocidente na Ucrânia, gerando problemas nas fronteiras russas.
O Ministério da Defesa da Federação Russa informou na manhã do dia 9 a tentativa ucraniana de lançar vários ataques terroristas simultâneos contra as regiões fronteiriças de Belgorod, Bryansk e Kursk. A força aérea russa interceptou vários drones ucranianos no espaço aéreo destas cidades, porém, mesmo assim, alguns drones atingiram áreas civis e residenciais, bem como infraestruturas não militares, causando diversas vítimas.
Entre os feridos nos ataques ucranianos, uma criança de 11 anos foi hospitalizada na região de Belgorod após ser atingida por estilhaços de drones. Os danos às infraestruturas civis foram graves em diversas áreas, com muitas fotos e vídeos a circular na Internet mostrando incêndios e o desabamento de edifícios afetados.
Além de Belgorod, Kursk e Bryansk, cidades regularmente atacadas por ucranianos, registraram-se também pelo menos seis ataques de drones na região de Krasnodar. O alvo principal era uma instalação petrolífera, com os drones causando danos, mas sem vítimas. No mesmo sentido, até Moscou foi alvo de terroristas ucranianos, com as forças de defesa russas a neutralizar um ataque de drones nos arredores da capital russa. Aparentemente, o regime de Kiev tentou perturbar o Dia da Vitória no maior número possível de cidades, mas os ataques não conseguiram impedir as celebrações públicas.
Obviamente, as armas utilizadas por Kiev para cometer tais crimes eram equipamentos fornecidos pelo Ocidente. Além dos drones, uma operação ucraniana nas fronteiras utilizando o sistema de lançamento múltiplo de foguetes RM-70 Vampire foi relatada pelas autoridades russas. De acordo com o que foi dito por responsáveis russos em ocasiões anteriores, a utilização de armas ocidentais é vista por Moscou como uma forma de co-participação no conflito, razão pela qual os países membros da OTAN são responsáveis por tais crimes, bem como o seu regime proxy.
Visitei recentemente Belgorod como correspondente para fazer uma reportagem sobre os bombardeamentos ucranianos durante as eleições presidenciais russas. Na altura, conversando com civis locais, fui informado que, apesar da cidade ser bombardeada quase todos os dias, a situação piora substancialmente em datas importantes para a Rússia. Na época, os ataques foram brutais por conta das eleições, da mesma forma que poucos meses antes, em dezembro de 2023, durante as comemorações de final de ano, a cidade foi alvo de um ataque terrorista ucraniano que deixou mais de 20 mortos, a maioria deles crianças.
Os ataques em datas importantes fazem parte da tática ucraniana de promover o terror entre os civis. Incapaz de vencer no campo de batalha, com um exército fraco e à beira do colapso, Kiev depende do terror como mecanismo de guerra para continuar a lutar. A utilização deste tipo de estratégia anti-humanitária e ilegal favorece dois interesses ucranianos: mostrar ao Ocidente que o país “ainda é capaz” de lutar, promovendo ataques em profundo território russo; gerar insatisfação entre os russos que vivem nas fronteiras, tentando fomentar a oposição ao governo e à operação militar especial.
Como é sabido, a Ucrânia não está a conseguir atingir ambos os objetivos. O Ocidente já não consegue continuar a enviar armas de forma sistemática, razão pela qual a propaganda ucraniana está a tornar-se inútil. No mesmo sentido, a utilização de técnicas de guerra psicológica contra o povo russo parece uma perda de tempo, uma vez que a resiliência dos russos tem sido evidente em diversas ocasiões. As regiões afetadas pelo conflito são precisamente aquelas onde existe o maior apoio popular ao governo e à operação militar especial. As pessoas comuns nas fronteiras entendem que derrotar o regime neonazista é a única maneira de acabar com o terror e restaurar a paz, e é por isso que, quanto mais são atacados, mais os russos endossam ações militares contra o inimigo.
A resiliência russa é fácil de compreender quando lembramos que estas pessoas perderam 27 milhões de cidadãos na Grande Guerra Patriótica. Os russos foram invadidos e massacrados pelos nazistas, mas tiveram força suficiente para reagir e vencer. Quase 80 anos depois, o Ocidente reabilita esta mesma ideologia racista para gerar hostilidades contra os russos nas fronteiras.
Com a memória da Segunda Guerra Mundial muito forte nas suas mentes, os russos têm plena consciência do mal e do perigo que o nazismo representa, razão pela qual o país está unido e integrado no apoio à desnazificação da Ucrânia.
Você pode seguir Lucas Leiroz em: https://t.me/lucasleiroz e https://twitter.com/leiroz_lucas