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A discussão musical sobre funk e indústria musical dá um pano pra manga enorme. Há analistas que bebem na fonte do Teodoro Adorno (da escola de Frankfurt) e voltam sem entender porra nenhuma.
O lance é ser estratégico, e a Sandra de Sá usou de estratégia ao surfar nas tendências musicais durante toda sua carreira, adotou o seguinte lema: “se não pode vencê-lo, junte-se a ele”, diz o ditado, ou, como diz o Rubem Gonzalez : “faça a curva, o emparelhamento, e vença o inimigo dentro do campo dele”.
Lembrando que no início da indústria musical, o Rock era um amontoado de jargões sexistas, recheado de crítica à família, à escola, com sacanagem explícita ou “mal disfarçada”, uma “dança do capeta” e com pitadas fortes de pedofilia (sem pederastia). Artistas de rock boa parte dos anos 50 eram presos frequentemente por se envolverem com meninas fãs de 13, 14 anos, mas… Eram outros tempos.
Daí, vieram os anos 60, o rock subiu da pélvis para a cabeça, virou música de protesto, maio de 68 buscou no estilo a representação musical que precisava para se tornar universal. Fora as experiências com entorpecentes e de sexualidades estranhas …
Depois sobe mais pra cabeça, vem o progressivo com a apuração da técnica e a busca pela atemporalidade da arte, e seu nêmesis: o punk, com proposta mais “pé na porta e soco na cara”, com um viés pretendido atemporal baseado em crítica social, na simplicidade e virulência sonora.
Na síntese desses dois, vem o Novo Metal Britânico nos 80, o pop pós punk “pseudo cabeça” e o Hard Rock americano, esse mais libertino (e divertido) dos três.
Enfim, hoje olhamos e vemos que o rockeiro virou um tiozão conservador que já fez tudo que critica na vida. Em 60 anos, a indústria musical usou e foi usada pelos moleques inconsequentes do rock e essa luta criou os alicerces dessa nova indústria musical, que já busca o produto descartável mais fácil de vender e sumir.
Esse é o ponto.
O complicado é que, seja pelo lado identitário, ou pelo lado conservador, o funk segue correndo só na pelve e não surge um corajoso pra levar o estilo pra cabeça.
É interessante ver que o funk fez o caminho oposto ao rock, que nasce na putaria e vai pra crítica social, mas é aquilo: muita gente boa acaba saindo ou cedendo. É assim que um estilo se desfaz. No caso, sair e ceder é a porta pra entrada no mal.
Nesse breve histórico que fiz, claro que sempre bom lembrar os grandes nomes de cada época ou fase apesar que tinha muita porcaria que estourava e sumia, que escandalizava sem qualidade e meses depois ninguém lembrava.
Mas, os tempos são outros e as condições muito diferentes. O século XXI é muito mais culturalmente “plano” e fechado do que o XX, e o Brasil tem condições materiais e culturais muito diferentes dos EUA dos 50 e 60. Isso fora questões como limites de mercado, estar fora do padrão de língua da cultura internacional, e a estrutura de guetos que existe forte na música atual.
Ainda tem o fato de que a indústria musical, assim como todas as outras, virou um departamento dentro de uma máquina maior voltada para a especulação. Fundos de investimento definem onde, em que e quando investir, visando unicamente o maior índice de retorno financeiro de seus ativos. O resto é apenas um monte de detalhes.
O problema hoje, aliás, começa nos 80 e só vem piorando, foi que fundos de investimento começaram a dar as cartas em tudo. Aí é o toque de midas: tudo em que toca vira ouro, no caso, grana. Mas não se come grana, não se ouve grana, não se vive grana. Então a Sociedade vai se corroendo por conta dessa lógica absurda.
Por isso o inimigo real segue sendo o mesmo: o “Neoliberalismo”, que na verdade é o preposto político dessa estrutura de especulação total.
Talvez, voltando ao início, a única forma de fazer frente a essa estrutura, seja atuando por dentro e minando suas bases, ou seu meio, seu topo, seja onde estivermos nessa joça.
Texto – Josh Del Castillo é músico e bacharel em História pela UFJF
Edição – Rafael Cândido – Mestre em Ciência Contábeis
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