
Em entrevista concedida ao site Poder 360 (link da entrevista completa AQUI), publicada nesta quinta-feira (10/09), o deputado André Janones comentou a relação entre sua atuação política e as redes sociais, sua visão sobre o Congresso Nacional e perspectivas para 2022.
Durante sua cruzada em defesa do auxílio emergencial, Janones registrou a marca de 34,6 milhões de interações no Facebook, frente as 21,7 milhões do presidente Jair Bolsonaro – diferença que causou surpresa nos corredores em Brasília. O saldo positivo em favor do deputado vai além, pelo fato de conseguir agregar em torno de si e de suas pautas grupos que até então poderiam ser considerados como heterogêneos.
Mandatos virtuais
Na visão de Janones, a maioria dos formadores de opinião estão presos em duas bolhas, criando a falsa impressão de que o Brasil está dividido em dois. O país estaria imerso em uma falsa polarização – que existe na internet, nas redes sociais e nas mídias, mas não existe no Brasil real. Ao ser provocado a se situar nesse espectro, refuta o rótulo de centrista, colocando-se como a “voz dos brasileiros que estão no dia a dia movimentando a economia do nosso país”.
Enquanto a manutenção do auxílio emergencial era discutida no Congresso Nacional, boa parte do discurso provocativo de figuras públicas nas redes sociais tratava dos tais “89 mil reais”. Segundo Janones, essa não era uma discussão em que o brasileiro queria se envolver.
O brasileiro quer saber como é que ele vai colocar comida na mesa. Pensa: que hora é que vão começar a falar sobre o meu problema.
Sobre a sua massiva atuação nas redes sociais, argumentou que seu discurso atinge milhares de pessoas que até então estiveram submetidas a uma marginalização digital. Por se sentirem ouvidos e correspondidos, antes tidos apenas como coadjuvantes, os eleitores são finalmente levados ao protagonismo.
Embora seja bastante atuante nas redes, Janones critica os que têm mandato virtual, ou seja, um mandato que só existe e é desempenhado pelas redes sociais.
Os bastidores do Congresso Nacional
Tendo sido autor de diversas medidas em defesa da manutenção do pagamento e do valor do auxílio emergencial, André janones aproveita para fazer uma denúncia. Segundo informa, há uma forte articulação entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional para driblar a necessidade de votação das emendas propostas. O mecanismo seria clássico: não votar a Medida Provisória dentro do prazo de 120 dias, porque aí não precisariam apreciar e votar as emendas. Assim, nenhum deputado precisaria se desgastar em defesa dos interesses populares.

Em virtude de sua atuação incisiva, chegou a enfrentar um pedido de cassação de seu mandato – tendo sido defendido por pessoas dos mais variados espectros políticos. Relatou também haver um abismo entre a dificuldade de articulação que ele enfrenta no congresso e aquela que consegue criar diretamente com o povo. “Normalmente não se dá espaço a quem você não consegue controlar. Já me foram oferecidos cargos de toda espécie, mas eu trabalho apenas com o meu mandato, e isso assusta”.
Também aproveitou para esclarecer outra manobra usada pelos seus opositores para ocultar o seu protagonismo. De acordo com o deputado, logo após ter apresentado um projeto que defende o aumento da pena de corrupção cometida durante o combate à pandemia, vários outros deputados apresentaram a mesma proposta. Em seguida, promovem o arquivamento do projeto de sua autoria, para aprovarem a cópia apresentada por outro deputado – roubando, assim, a sua iniciativa na tentativa de diminuir a sua relevância.
Noutra ocasião, durante a sessão para a aprovação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), relatou que vários deputados não queriam registrar presença para que não se atingisse o quórum para a votação. No episódio, Janones usou as redes sociais para exibir ao vivo o rosto de cada um dos deputados que ousassem a praticar sacanagem. “A câmara dos deputados é muito suscetível à pressão popular”, pontuou.
Mais recentemente, André Janones defendeu várias propostas para que o governo possa combater o movimento inflacionário e o desabastecimento alimentício encarado pelo povo brasileiro. Defendeu o protagonismo do Estado na solução das questões nacionais – assim como fazem os países que buscam manter o bem estar de suas populações.
Identificação e afinidades com outros grupos
Janones argumenta que é possível conversar com pessoas de espectros ideológicos diferentes desde que o fim seja o mesmo, ainda que discordem a respeito dos meios. “Alguns entendem que isso deve ser feito por meio de um Estado Maior, outros acham que deve ser realizado através do liberalismo econômico. O importante é que a finalidade seja o bem-estar do povo brasileiro” – clareando a sua visão a respeito de como a política deve ser executada.
Não dá para falar que a política é a arte do diálogo e do convencimento quando você está lidando com bandidos. Eu não tenho como fazer diálogo, fazer política, com criminosos.
Visão a respeito dos partidos políticos
De acordo com Janones, sua maior surpresa ao se tornar um deputado foi encontrar muita gente correta e bem-intencionada no Congresso Nacional. Destaca que o maior problema é a falta de coragem, a falta de se fazer o enfrentamento em defesa da população quando ele deve ser feito.
Não acredito no projeto de um partido, acredito no projeto de pessoas.

Não se limitando ao jargão da “nova política”, o deputado afirma não fazer política partidária, por não acreditar que a solução para o país passe pelo estatuto de um partido. Seu compromisso pessoal ao votar qualquer medida proposta por outro congressista é o de fazê-lo sem olhar quem é o autor. Acertadamente, dedica-se à análise do mérito, sem pontuar se é uma proposta do governo ou da oposição.
Uma oposição que não sabe admitir o acerto, não tem moral para criticar. Uma base aliada que não sabe ponderar um erro, não sabe criticar quando necessário, perde a credibilidade de defender.
Num movimento consciente e certeiro, André Janones pediu que fosse retirada a sua pré-candidatura à prefeitura de Belo Horizonte. Afinal, submeter-se à condição do executivo da capital mineira poderia trazer reveses perigosos. Primeiro porque estaria muito dependente dos ânimos do governador Romeu Zema (Novo), com o qual tem diferenças ideológicas marcantes. Além disso, são vários os demonstrativos recentes de que os avanços sobre os poderes executivos locais têm sido operados com finalidade política e eleitoral. Assim, seria colocar-se em cheque sem a menor necessidade – e o presidente Bolsonaro é prova disso, tendo faturado a faixa presidencial sem jamais ter se submetido ao executivo.
Avaliação sobre o governo Bolsonaro
Questionado a respeito de sua avaliação em relação ao governo Bolsonaro, Janones diz não ser possível atribuir uma pontuação de forma genérica, sendo necessário avaliar cada situação. Sobre o enfrentamento da pandemia, em relação ao envio de dinheiro aos municípios, daria nota dez – “estão nadando em dinheiro, sobrando até para roubarem”. Se for falar sobre a politização da cloroquina, dá nota zero. Sobre o uso do medicamento, prefere deixar a opinião para os profissionais da área da saúde.
Quanto à Reforma Administrativo, foi breve. “A princípio, não gostei”.
Visão para 2022
Questionado sobre uma possível candidatura à presidência em 2022, André Janones afirmou receber essas especulações com muito carinho. “Não é hora de eu começar a pensar nesse assunto, temos muito para acontecer. Eu tiro o pé da realidade e esqueço onde estou hoje”, disse.
Dando fechamento à entrevista, Janones – que demonstra ter uma consciência social muito grande -, completa: “Todo dia que levanto da cama, tenho um objetivo: ser o melhor deputado do Brasil”.