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Todo mundo tem orgulho de sua identidade. Todas as sociedades são etnocêntricas. Identidade é algo que toda pessoa e toda sociedade tem. Aí é que está o ponto. Qual a sua identidade? Qual a identidade coletiva do povo brasileiro?
É nesse campo que opera o identitarismo internacionalista, bancado pelo sistema financeiro. Porque, assim, as pessoas não se identificam como pertencentes a uma nação, mas a um grupo social genérico: negro, mulher, gay, cristão, evangélico, islâmico, vegano, gamer, ancap, liberal, trans, médico, advogado, músico, e assim por diante.
Todas as pessoas constroem uma identidade, pois é como nos apresentamos socialmente. Os critérios pra isso variam, geralmente são um conjunto de coisas que as pessoas pensam e fazem, com diferentes pesos. Muitas vezes a identidade está associada ao trabalho e a carreira. Em uma sociedade de subemprego e neoliberal-financista, é mais interessante que as identidades se constituam por critérios biológicos e de comportamento.
O ponto-chave em um país, em um sistema democrático representativo, é exatamente discutir qual é a identidade nacional. Qual o projeto nacional? Qual a construção social conjunta? É neste ponto em q nos perdemos no Brasil.
Além das contradições e imponderáveis da política real, o Brasil vem sofrendo um ataque de manipulação de comportamento por algoritmos desde 2012. Trata-se de um efeito da entrada definitiva das plataformas do Facebook, com ampliação do acesso aos dispositivos de smartphone e notebooks.
Os algoritmos operam SEMPRE por mecanismos binários, as identidades também. Quer dizer, eles sempre vão induzir o comportamento das pessoas pelo padrão zero e um (0/1). Pra isso, é necessário fazer recortes duros. Assim, os algoritmos dividem os usuários em negro/branco, homem/mulher, hetero/LGBT, ateu/cristão, vegano/carnívoro, direita/esquerda, liberal/conservador, brasileiro/estrangeiro. Esses são critérios fáceis de delimitar em antagonismos binários.
Quem controla o código e tem acesso, ao conjunto completo das informações dos usuários, ao Big Data, utiliza essas informações pra formar grupos. Eles agrupam as pessoas em escala até formar oposições de inimigos irreconciliáveis. Foi isso que fizeram com o Brasil de 2012 pra cá. Induziram comportamentos em massa para gerar a famigerada “polarização”.
Não há níveis seguros para uso das plataformas do Google e Facebook. Um dos algoritmos que eles utilizam é o PSO, a “optimização por enxame de partículas”. Eles são chamados de “algoritmos bio-inspirados” e simulam o voo de bandos de pássaros e a natação de cardumes de peixes. É o modelo de comportamento que induzem em usuários de redes sociais por meio da sequência de publicações sugeridas nas linhas do tempo. Hoje em dia no Brasil os chamamos carinhosamente de “gado” e são de duas qualidades, amarelos e vermelhos.
A internet livre não é livre. Muito pelo contrário, ela tem dono. Eles vão querer que você se enquadre de um lado ou do outro. As cúpulas dos partidos que ganham com isso já nos venderam igual gado. Somos produtos da nova democradura digital.
E onde fica a identidade nacional? Bom, no modelo das sociedades abertas georgesorianas não há espaço pra elas. A identificação dos povos com suas respectivas nações é o que a globalização financeira não quer. Os Estados nacionais são a última trincheira de proteção das pessoas contra o financismo transnacional. As demais identidades são fáceis de incorporar e manipular. Bastam algumas fundações, ONGs e think tanks.
No fim das contas, você tem orgulho de que? Orgulho gay? Orgulho hetero? Orgulho trans? Orgulho evangélico? Orgulho negro? Todos são permitidos e incentivados, menos o orgulho nacional. Dizem que é “coisa de fascista”. E assim os neoliberais ambidestros reescreveram a história do Brasil, partindo de um pessimismo programado. É o verdadeiro genocídio do brasileiro. Onde foram para o sertanejo, o caboclo, o caiçara, o caipira, o mestiço?
Tentaram vetar o orgulho nacional, mas ele foi renovado a partir de junho 2013, com a chamada “revolta dos coxinhas”. A partir de então, o lavajatismo transformou a bandeira e a camisa da seleção nacional em emblema de um movimento difuso anti-corrupção. Em 2018 os símbolos nacionais foram se transformando em sinônimos do bolsonarismo. Não dá pra dizer que a direita se apropriou dele. Mais fácil dizer que eles foram simplesmente entregues pela esquerda.
A identidade nacional é de direita? Creio que não. Seguramente ela tampouco é de esquerda. Então, onde ela está? A resposta para essa questão está na própria história do Brasil. Em nossos pensadores e, sobretudo, no povo trabalhador. Desde o início da República, o governante que melhor soube incorporar isso foi Getúlio Vargas, com o chamado “nacional-trabalhismo brasileiro”.
Vargas ouviu os conselhos dos “boêmios cívicos” do seu em torno. Pessoas que enxergaram um Brasil livre, independente e soberano, colocando o Estado radicalmente a favor do povo. Foi uma manifestação do Brasil Profundo, solidário, generoso, alegre, religioso, populista, caudilho e autoritário. Carregando consigo todos os imponderáveis e contradições do país.
O neoliberalismo tentou nos privar da identidade brasileira e todas as suas manifestações. Da mulher brasileira, do negro brasileiro, do índio brasileiro, do colono brasileiro, da mestiçagem brasileira, do imigrante brasileiro. Agora usam uma nova arma de destruição do tecido social, a manipulação de algoritmos digitais. Tentam nos transformar em genéricos e colocar-nos a matar uns aos outros. E nós vamos permitir? De minha parte, não!
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Maravilha Parabéns 👍