A Suécia está certíssima em proibir as chinesas Huawei e ZTE no leilão de frequências para 5G, pois ela está protegendo sua própria empresa, a Ericsson, que compete ou pretende competir com a Huawei e a ZTE.
O Brasil, por outro lado, não tem nenhuma Ericsson para proteger, então não faz nenhum sentido banir as empresas chinesas e nos privarmos da mais alta tecnologia disponível hoje, com prejuízos imensos para o que resta da nossa cadeia produtiva.
Tivéssemos um governo de fato patriota, ele abriria negociação direta com a Huawei e a ZTE para barganhar a transferência de tecnologia do 5G a empresas brasileiras. Melhor ainda se a morta-viva Telebrás fosse ressuscitada para absorver a tecnologia chinesa do 5G. E se os chineses porventura ficassem reticentes em transferir a tecnologia, nada que uma ameaça de nacionalização das linhas de transmissão de eletricidade que eles operam aqui não os convencesse.
Mas, como infelizmente não temos um governo decente, provavelmente seremos um dos últimos a aderir ao 5G, perderemos ainda mais espaço no mundo e, quando aderirmos pela força das circunstâncias – pois os avanços tecnológicos são inescapáveis – será sem nenhuma transferência de tecnologia e com o Brasil dependendo totalmente do país do qual comprará, provavelmente a China pois a liderança dela nesse setor é disparada e não será ameaçada tão cedo.
Os EUA agradecem a nossa subserviência a eles, e a China também. Na nova (anti-)diplomacia bolsonarista, todo mundo sai ganhando, menos o Brasil. Nunca, mas nunca mesmo, o Brasil se rebaixou tanto.
Por Felipe Quintas