“O brasileiro é o filho do pai europeu com a mãe afro-indígena. Ele se acha superior à mãe por ela ser preta ou índia, despreza a mãe. Ao mesmo tempo, ele quer ser reconhecido pelo pai europeu, que o olha com desprezo por ser só um mestiço jogado no mundo. Acho que esse é o grande trauma brasileiro”
Darcy Ribeiro
Eu estudo história da África e dos negros no continente Americano, e eu posso dizer que o Darcy acertou na mosca quando fala do trauma brasileiro. O movimento afro-sampa-brooklyn-chicago-2pac-yeah nigga diz que a diferença do racismo brasileiro para o norte-americano é que um seria velado e o outro aberto. Bobagem. No Brasil tem muito racismo aberto e nos EUA tem muito racismo velado (principalmente de progressistas brancos em relação a pretos e marrons). A diferença não é essa.
A diferença é que o EUA sempre se definiu como um país anglogermânico, nórdico, com uns crioulos e carcamanos que vivem lá, mas que não deveriam viver lá (tentaram mandar a negrada livre para a Libéria e proibir os italianos de entrar no país). O racismo americano é baseado na ANCESTRALIDADE, no SANGUE. É um racismo de germânicos puros, que odeiam mistura racial e detestam dividir o país com outras raças.
Já o racismo brasileiro, de maneira geral, é de pardos claros e castiços com sangue crioulo e nativo para com pessoas mais escuras. Mas é um racismo consigo mesmo, na verdade. Porque sempre que um pardo ou um castiço xinga a raça negra ou indígena, está xingando os próprios ancestrais. É um racismo vira-latas. O racismo do filho mestiço que odeia a mãe da Nigéria ou da raça tupi. Que quer se distanciar da mãe preta para ser aceito pelo pai europeu, que o despreza também. É um racismo triste. Digno de pena.
Alguns dados: entre os brancos estadunidenses, menos de 5% dos brancos tem ancestralidade negra ou indígena, entre os brasileiros, 60% tem ancestralidade negra ou indígena, pelo lado materno. Já entre os negros brasileiros, quase metade possuem ancestralidade branca europeia, conforme o artigo “Apartheid genético”, publicado na Revista da FAPESP. Dados que confirmam a visão de Darcy Ribeiro.
Por Roberto Nishiki
Europa nós olha com desprezo? Os white powers brasileiros estão inclusos no Stormfront Internacional, bandas de RAC brasileiras fazem turnê em países europeus, bandas européias tocam aqui (inclusive Screwdriver) e a KKK classifica Bolsonaro como um igual. Como sempre, pardos de sobrenome português e miscigenados com branco e indios, com síndrome de habitantes de Wakanda, querendo ditar quem é branco e enegrecer o branco brasileiro. Alguém já viu país africano concedendo cidadania pra brasileiros pardos, ou esses tendo algum reconhecimento de grupos negros do exterior? Chacota!