Diante das sanções do banco francês BNP Paribas, um dos maiores do país, ao agronegócio brasileiro, Aldo Rebelo advertiu que o governo brasileiro se fia em “falsos amigos” de sua diplomacia, privilegiados em detrimento de “falsos inimigos”.
Quem seriam esses “falsos amigos”? Segundo Aldo, são justamente os países da Europa Ocidental, mais os EUA, justamente aqueles que colocam pressão diplomática sobre o Brasil, desqualificando-nos como maiores agressores ao meio-ambiente do mundo, pondo a existência da Floresta Amazônica em risco. Por outro lado, os “falsos inimigos” mantém com o Brasil uma relação pragmática, baseada no comércio internacional e interesses mútuos, a despeito de conflitos que possam surgir na relação. Basicamente, o resto do mundo que não pertence ao “mundo ocidental”.
O discurso da diplomacia brasileira era, pelo menos até bem pouco tempo, de seguir os “parceiros ocidentais”, com os quais partilha-se “valores e identidades comuns”, desconsiderando a linha mestra da diplomacia nacional, firmada desde, pelo menos, o tempo do Barão do Rio Branco, na primeira década do século XX, de seguir o interesse nacional acima de tudo.
O BNP Paribas anunciou boicote ao crédito a empresas que produzam ou comprem soja e carne produzidas em “áreas desmatadas” do Cerrado e da Amazônia – ainda que sejam em áreas de desmatamento previsto dentro do Código Florestal brasileiro, que prevê até oitenta por cento de proteção à vegetação natural em terras contidas dentro da Amazônia Legal.
Contudo, a instituição financeira, agora travestida de campeã da causa ecológica, ainda que restrita ao território brasileiro, prefere seguir uma política radical: “A produção de carne bovina e soja no Brasil acelera o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Seja legal ou ilegal, ela põe em risco a integridade ecológica e o futuro desses dois biomas”, disse em comunicado.
Cabe lembrar que o atual presidente francês, Emanuel Macron (2017 – ), antes de ocupar cargos públicos no mandato de seu antecessor, François Hollande (2012-2017), foi funcionário da Casa Rothschild na França, o maior império financeiro do continente europeu, presente nos principais países daquele continente. Logo nos primeiros meses do mandato de Jair Bolsonaro, seguindo a linha de “abertura irrestrita aos investimentos externos” que adotou desde o começo do mandato, Macron anuiu com a assinatura do Acordo Comercial Mercosul – União Europeia. Acordo que não deve avançar em função das dificuldades impostas pelos europeus aos brasileiros, usando as queimadas na Amazônia como chantagem para conseguir benefícios exorbitantes para suas empresas e investimentos no país, sem a mesma contrapartida para os brasileiros.
Por sua vez, de olho na aposentadoria da chanceler alemã Angela Merkel, que deve entregar o posto, depois de mais de quinze anos no poder, Macron, bem mais jovem, ambiciona ocupar o espaço dela como figura de proa da União Europeia, de olho em um segundo mandato a ser obtido nas eleições francesas do ano que vem. Constrói sua imagem tensionando contra o Brasil.