As incertezas sobre os reais efeitos da Covid-19 na economia afetaram a produtividade das indústrias de transformação no Brasil. De acordo com a pesquisa Produtividade na Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no primeiro trimestre deste ano, as horas trabalhadas aumentaram 1,9%, mas a produção caiu 0,6%. Assim, a produtividade do trabalho na indústria, medida pela relação entre o volume produzido e as horas trabalhadas, teve uma queda de 2,5% na comparação entre janeiro e março deste ano e o trimestre anterior, outubro a dezembro do ano passado.
De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, alterações duradouras na produtividade muitas vezes são associadas a mudanças na qualificação do trabalhador ou inovações tecnológicas. Desde o início da pandemia, contudo, as significativas variações na produtividade estão sendo influenciadas pela pandemia e são, ao menos em parte, transitórias.
A queda da produtividade é conjuntural e pode ser explicada pela combinação estoques abaixo do nível planejado, alta dos custos e maior escassez de insumos e matérias-primas. Esses fatores afetam a capacidade de planejamento das empresas e o ritmo de produção. “Outro fator a ser considerado é o fim de acordos para redução de salário e jornada, além da suspensão do contrato de trabalho, que vigoraram em 2020”, avalia
Já segundo o IBGE, em março, a produção industrial caiu em nove dos 15 locais analisados na Pesquisa Industrial Mensal (PIM Regional). Na comparação com fevereiro, os maiores recuos foram registrados no Ceará (-15,5%), no Rio Grande do Sul (-7,3%) e na Bahia (-6,2%). No mesmo período, a produção nacional teve queda de 2,4%. Segundo o IBGE, o recuo no Ceará foi o mais intenso desde abril de 2020, quando o indicador ficou em -35,2%. Na Bahia, foi registrada a terceira taxa negativa seguida, acumulando perda de 22,6%. A queda nesses dois estados teve influência dos setores de couros, artigos para viagens, calçados e bebidas. Na indústria gaúcha, os setores de veículos e de outros produtos químicos tiveram os maiores impactos negativos, causando a segunda queda consecutiva e perda acumulada de 9,2%.
De acordo com o IBGE, o comportamento da indústria regional reflete o recrudescimento da pandemia no país, que levou os estados a adotarem medidas restritivas para conter o avanço do vírus. Também tiveram quedas maiores do que a média nacional o Rio de Janeiro (-4,7%), a Região Nordeste (-4,2%) e Pernambuco (-2,8%). Completam a lista dos locais com recuo na produção industrial em março o Mato Grosso (-2,0%), Santa Catarina (-1,0%) e Paraná (-1,0%).
O Amazonas teve o maior crescimento no mês (7,8%), após três meses com resultados negativos e perda acumulada de 16,6%. A alta foi puxada pelos outros equipamentos de transportes e pelas indústrias de bebidas. São Paulo subiu 0,6%, a menor taxa entre as altas, mas foi a segunda maior influência positiva no mês, puxada pelos setores de derivados do petróleo e de veículos. Pará (2,1%), Goiás (1,6%), Espírito Santo (1,5%), Minas Gerais (1,7%) completam os locais que registraram crescimento em março.
Os dados do IBGE apontam que seis localidades pesquisadas conseguiram superar o patamar de produção pré-pandemia de fevereiro do ano passado: Minas Gerais (11,3% acima), Santa Catarina (9,8%), São Paulo (7,1%), Paraná (6,3%), Amazonas (1,4%) e Pernambuco (0,3%).
Na comparação com março de 2020, o crescimento da indústria nacional foi 10,5%. Dos 15 locais pesquisados, 10 tiveram resultados positivos no mês: Santa Catarina (36,5%), Amazonas (22,5%), Rio Grande do Sul (21%), São Paulo (16,0%), Minas Gerais (12,5%), Paraná (12,3%), Ceará (9,9%), Pará (8,1%), Pernambuco (7,0%) e Goiás (0,4%). Tiveram queda na comparação anual a Bahia (-18,3%), o Rio de Janeiro (-4,8%), a Região Nordeste (-2,7%), o Mato Grosso (-1,7%) e o Espírito Santo (-1,4%).
Com informações Monitor Mercantil