Em 4 de agosto do ano passado, o BNDES vendeu R$ 8,1 bilhões em ações da Vale (VALE3) que tinha em carteira. A cotação na ocasião era R$ 58,26 por ação. Nesta segunda (10), nove meses depois, a VALE3 era cotada a R$ 114,69, quase o dobro do valor na ocasião da venda. No período de uma gestação, o BNDES perdeu – ou, vá lá, deixou de ganhar – R$ 8 bilhões. E a conta continuará subindo.
Ninguém quer bancar o engenheiro de obra pronta. Não precisava ser um expert no mercado financeiro para saber que o ano passado não era boa época para venda. O mundo estava em recessão, e a economia da China, maior comprador de minério de ferro, principal produto da Vale, mal começava a emergir.
O resultado, mais que previsível, é que os preços das commodities subiriam à medida que a recuperação econômica criasse uma corrida por matérias-primas. Os preços do minério de ferro e do cobre atingiram níveis recordes. Os contratos futuros de minério de ferro na Ásia atingiram novo pico esta segunda-feira. A cotação do contrato futuro com vencimento em setembro na Bolsa de Commodities de Dalian (China) saltou 10% (batendo no limite diário de variação), para 1.326 iuans (US$ 206,65) a tonelada. Em Qingdao, fechou a US$ 230 nesta segunda-feira, alta de 8,6% no dia e 44% no ano.
A venda feita pelo BNDES não era urgente nem necessária. Com baixa demanda por financiamentos, o banco estava com folga. Artigo do economista Arthur Koblitz, presidente da AFBNDES e eleito para integrar o Conselho de Administração do BNDES, sobre o prejuízo da venda de ações do banco em plena pandemia, estimava, em janeiro, a perda em R$ 12,2 bilhões. Como dito, a conta segue subindo.
As perdas do Banco com venda de ações vêm se perpetrando desde 2019. Em 6 de fevereiro do ano passado, esta coluna denunciou prejuízos com vendas de papéis da Petrobras.
Com informações Monitor Mercantil