Por Felipe Quintas
A questão nacional tem precedência sobre a luta de classes. Como a Nação é maior que as classes e é a única arena possível da cidadania, somente nela que a luta de classes (bastante real porém não envolvente de todo o conjunto das relações sociais) pode ser solucionada de acordo com o interesse comum.
Nesse sentido, a construção nacional, em seus mais diferentes âmbitos (territorial, linguística, produtiva etc.), não se opõe a nenhuma classe, mas é a condição básica para que todas possam se fazer representar, serem representadas e, assim, cooperarem na grande obra de conservar e aprimorar a nacionalidade.
Fora da Nação e da questão nacional, a luta de classes inevitavelmente resvala em guerra civil, em alianças subalternas com forças estrangeiras e, portanto, em dilapidação do patrimônio e dos recursos comuns. Ao fim e ao cabo, todos no país conflagrado são derrotados. Essa é uma das lições que se pode extrair da Guerra Civil Espanhola, por exemplo.
Por isso, as revoluções marxistas bem sucedidas consagraram a centralidade da questão nacional. Essa é a razão do socialismo num só país de Stalin e do socialismo juche norte-coreano, dois exemplos de como o socialismo, depurado do seu caráter negativo/agônico, serviu à construção da Nação, incorporando e atualizando os respectivos legados nacionais pré-socialistas.
Isso não quer dizer, evidentemente, que esses sejam os únicos modelos de organização nacional. Cada país deve encontrar o seu, com base na sua história e na sua realidade. Ao meu ver, o Estado Novo, orgulhosamente herdeiro do bandeirantismo, das guerras de expulsão dos estrangeiros e dos movimentos independentistas, foi o regime político que melhor organizou o País no sentido da realização do lema da Bandeira, os dois pilares de qualquer projeto nacional digno do nome: Ordem e Progresso.
Urge no Brasil, portanto, um Estado Novo do século XXI.