Por Rogério Mattos.
Na falta de um candidato a presidente de biotipo norueguês e com todas as manobras feitas para eleger alguém que, ao menos, mantivesse a agenda econômica e social dos nórdicos, não restou outra alternativa ao capital se não a tática de controlar Bolsonaro. O primeiro risco que corremos é que isso de fato aconteça a partir de agora. Não falo pela parte econômica, mas pela sanitária. Até agora o presidente seguiu à risca a primeira, mas não a segunda.
Nada indica que o ano que vem será de normalidade em relação a pandemia. Com o genocídio do social iniciado com a PEC da Morte (lei do teto) e as reformas, todo e qualquer número de brasileiros mortos continuará parecendo piada se etiquetados com apenas um nome. Assim, de antemão, pode ser visto um grave problema eleitoral.
Caso o Partido dos Trabalhadores estenda sua postura legalista à pandemia, e com a ascensão da terceira via que nunca foi terceira, mas a primeira, isto é, o liberalismo tucano (João Doria continua sendo o nome, o filho do Santo, Alckmin), o voto censitário entrará na ordem do dia. Caso se estabeleça como precondição para a votação o certificado vacinal, todos aqueles que viveram a quarentena sem ficar em casa ou que em suas regiões de moradia simplesmente não houve quarentena e a pandemia se assistia pela televisão, terão seu direito ao voto cassado.
No Rio de Janeiro, cidade cuja parte urbanizada é um anexo, um apêndice da favela e suas baixadas, que compõem o grosso da população da cidade, haverá um embate sem glórias, a que se dará entre os cidadãos conscientes do risco pandêmico. Seja o filho do santo ou o nortista patrocinado pela Internacional Progressista, ambos, com seu histórico e sua retórica das elites, despontarão como favoritos.
Novamente a cidade verá sua escolha preferencial por um candidato de origem popular excluída por manobras escusas. Se aqui é um caso exemplar do que pode ser estendido para todo o Brasil, onde a parcela esclarecida acredita viver num regime político de tipo europeu e é amante do modo de lidar com o dinheiro dos CEOs americanos, mas que é um país com laços culturais e históricos bem mais fortes com a África e com a descendência ibérica e ameríndia dos nossos vizinhos do Cone Sul.
Contudo, podem maltratar o povo com a pandemia ou com a exclusão dos direitos básicos da cidadania. Tanto aqui como na maior parte do Brasil, vale a máxima ou a imagem do que vivemos nesses meses de estado de sítio transatlântico. Afinal, no Rio o morro não morre logo ali.