Acho que você ainda não me entendeu: eu não sou contra a vacina; eu não quero é me vacinar. Vacine–se à vontade e, se necessitar de uma dose extra, pode pedir judicialmente a minha dose que eu cedo–a para você numa boa.
Para começo de papo, as vacinas estão sendo aplicadas para um processo de imunização, ou seja, no velho e bom “Aurélio” quer dizer que você está imunizado, a salvo, fora da zona de contágio.
Pelo menos foi isso que eu aprendi na escola, foi para isso que tomei todas as vacinas consagradas e as apliquei tanto em filhos como até nos meus animais de estimação. Aqui em casa nunca se negou a eficiência de vacinas.
Como você passou a me chamar de boçal e ignorante, quero deixar claro que, pelos seus critérios e por sua abençoada imunização, só quem corre risco à vida sou eu e imbecis como eu, o máximo que você pode fazer é separar uns trocados para mandar uma coroa de flores para o meu velório com os dizeres:
“EU AVISEI, BEM FEITO.”
Porém, estou captando algo a mais, estou captando um traço de medo e incômodo, talvez uma síndrome do pinguim que sempre convida o outro para entrar na água primeiro, para o caso de haver leões marinhos na área que se convidaram para um banquete.
Não é mais uma preocupação, nada tem a ver com solidariedade ou sentimento de humanidade coletivo, tem muito mais a ver com o fato de não ter entrado numa tremenda roubada, tipo o golpe da pirâmide do Bitcoin: quantos mais “sócios” na roubada e mais colegas de infortúnio, melhor.
Não, não é solidariedade, definitivamente. Nunca foi e nunca será. É um salto no vazio, é ser substituto dos velhos e até hoje úteis ratos de laboratório que incomoda essa maioria que de uma hora para a outra estranhamente passou a se preocupar com você e a sua saúde. Isso sem nunca ter perguntado se sua despensa estava cheia e se os seus tinham o que comer amanhã.