
Com a erosão do poder do Executivo federal, ou o que se convencionou chamar de “semi-presidencialismo”, o atual governo se vê na condição de acatar medidas de outros poderes nas suas funções típicas. Assim como perdeu controle até da execução do orçamento da União, hoje controlado pela presidência da Câmara, também perdeu controle sobre sua política de comunicação, de quanto e aonde gastar suas verba publicitárias televisivas na divulgação de seus feitos e campanhas.
Segundo mostra matéria do “Poder 360”, determinação do TCU de 2020 vinculou o governo a distribuir sua verba de publicidade de acordo com a audiência de cada rede. Desprestigiada em 2019, a Globo viu aumentar suas receitas publicitárias advindas do governo federal de forma acentuada, como mostra o gráfico abaixo. Dessa forma, o governo anuiu com a decisão, abrindo mão de seu poder discricionário de executar sua política de comunicação de acordo com seus interesses, de acordo com o mandato que ganhou pelo voto. O que é o caso do Presidente da República e não do Tribunal de Contas da União, com seus ministros que ganharam cargo por indicação.

A aqueles da oposição que festejam o beija-mão forçado de Bolsonaro à Globo, cabe lembrar que a erosão do poder presidencial não começou hoje, mas vem desde, pelo menos, do auge da Operação Lava Jato, quando se tirou o poder do presidente em nomear seus ministros: Dilma, logo antes do impeachment, Temer, com Cristiane Brasil, e Bolsonaro, impedido de nomear o diretor da Polícia Federal.
Muda-se o presidente mas uma coisa permanece certa: a dobradinha da Globo com o Judiciário e outras corporações do Estado. Para a emissora líder de audiência, apesar do visível declínio, cabe sonhar com a eleição de Sérgio Moro para presidência no ano que vem. Trabalhando para isso ela está.
Ou seja, para você que odeia o Bolsonaro (e não tiramos a razão) lembre-se que a Globo já tem par.