
Por Felipe Quintas.
Historicamente, o menino mais efeminado tomava uma surra do pai e/ou da mãe para “virar homem” e a menina mais masculinizada tomava uma enquadrada das mulheres da família para “virar mocinha”. A “sociedade”, a partir da célula familiar, exercia sua implacável soberania sobre as individualidades discrepantes. Nenhuma sociedade coesa jamais consentiu com os desviantes sociológicos. Pouco importava que esses jovens depois se tornassem homossexuais enrustidos e/ou adquirissem severos conflitos existenciais. Desde que fossem encaixados nos tipos coletivos normais, já teriam cumprido a contento a sua função social; as escapulidas secretas e os dramas íntimos eram tidos como assunto de Deus, a ser resolvido nos confessionários e na prestação póstuma de contas.
À medida que o “processo civilizador” faz avançar a individualização das sociedades, abrem-se espaços inauditos para o exercício público das idiossincrasias pessoais. Porém, isso não significa necessariamente libertação em relação ao poder, pois há instâncias muito maiores de exercício do poder, e quanto menos barreiras ele tiver, mais desimpedido se manifesta. O enfraquecimento dos vínculos sociais tradicionais, como os familiares, expõe os indivíduos, como nunca antes, a outros poderes arbitrários, como o do capital, no caso das sociedades capitalistas. O menino mais efeminado e a menina mais masculinizada, então, deixam de ser punidos pelas famílias para serem “tratados” pelo sistema médico-hospitalar-farmacêutico, que, “público” ou “privado”, atua, de forma consistente, direta ou indiretamente, a serviço de interesses capitalistas monopolistas.
Sob a roupagem da “diversidade” e em nome da “ciência”, aplica-se a eles requintes de violência e crueldade que demonstram um verdadeiro sadismo institucionalizado e levam a uma violentíssima supressão das suas individualidades. O bloqueio hormonal infanto-juvenil constitui verdadeiro horror e atrocidade, equivalente aos sinistros experimentos do Dr. Mengele. Impedir uma criança de desenvolver o seu corpo para transformá-la em algo que ela não é e nunca será – alguém do sexo oposto -, destroçando-a bioquímica e espiritualmente para subjugá-la eternamente aos oligopólios farmacêuticos, é de uma perversidade que somente pode ser considerada “amor” e “progresso” através de pesada manipulação de massa dos meios informacionais dirigidos por tais oligopólios.
Em uma época como a atual, em que a sociedade deixou de exercer sua soberania sobre os indivíduos e o senso comum que a legitimava se esfacelou em múltiplos “pontos de vista”, tal soberania passou a ser exercida pelos poderes capitalistas, que usam as ideologias “diversitárias” para imporem seu regime de terror. A biopolítica hegemônica não se tornou mais tolerante, pelo contrário, chega a reafirmar padrões de gênero os mais dicotômicos e obtusos – o de que o homem só é homem se for másculo e viril e a mulher só é mulher se for frágil e delicada – para sacrificar crianças no altar satânico dos oligopólios farmacêuticos. Sequer aguarda que amadureçam sua personalidade e formem uma visão mais consistente de si próprias, que as permita obter discernimento para tomar escolhas irreversíveis.
Por essas e outras que eu reafirmo o caráter maligno do movimento LGBT, pois, dentre as suas pautas reivindicatórias está a normalização da tortura, castração e virtual assassinato de crianças com comportamentos de gênero heterodoxos, ou seja, a mais atroz e insidiosa homofobia que já se teve notícia, em benefício de tecnocracias capitalistas anônimas. Quando os indivíduos que o movimento LGBT pretende representar entenderem que eles são as principais e talvez únicas vítimas diretas dele e do transumanismo a ele inerente, entenderão que a sua dignidade social precisa ser conquistada de outras formas. Tarefa difícil e complexa, pois as minorias naturais, como os homossexuais, sempre serão, para a maioria, um enigma e, por isso, um estigma.
Somente o compartilhamento social de valores humanistas, fundados em uma ideia transcendental e metafísica da dignidade humana, poderá equilibrar, na medida do possível, as peculiaridades individuais e as banalidades sociais. Para que isso seja possível, é preciso modificar completamente o sistema de valores, ou melhor, de antivalores, por ora vigente, que se sustenta na mais completa negação do ser humano e que, pretendendo libertá-lo de “opressões” tradicionais, apenas busca escravizá-lo a uma tirania muito mais avassaladora.
Foto: G1