
Por Wellington Calasans.
Antes de tudo, deixo claro que defendo o diálogo e trago nesta análise ângulos diferentes e uma visão pouco difundida na imprensa predominante. Afinal, para que haja a real compreensão dos acontecimentos, temos que conhecer a versão e interesses das partes (direta ou indiretamente) envolvidas no conflito.
Tem sido assim na minha abordagem sobre a guerra da OTAN contra a Rússia, na Ucrânia. Os reflexos apontam para o acerto na escolha desta linha de trabalho, ao não difundir a mentira (mantra) “A Ucrânia está ganhando a guerra”, desavergonhadamente repetido.
No caso de Israel, advirto para a triste realidade de que este conflito não foi iniciado com os recentes episódios que nos últimos dias ganharam repercussão em todo o mundo. Por mais óbvio que isto pareça, precisamos entender a complexidade dos fatores religiosos, econômicos e geopolíticos que envolvem este problema. Lembro também que nada justifica a crueldade das partes contra civis, tudo é barbaridade, tudo é terrorismo.
Devemos deixar muito claro que esta ação violenta da Palestina é uma contraofensiva. Israel tem praticado um verdadeiro holocausto, submetendo o povo palestino ao mais humilhante tratamento e tudo isso tem sido vergonhosamente ignorado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) e – em certa medida – tolerado pelas Nações Unidas que está limitada a emitir irrelevantes notas de repúdio que em nada alteram o cenário de perseguição e projeto de destruição total da Palestina por Israel.
Destaco isso, pois para toda crise ou tensão armada há também uma disputa de narrativas. Por isso, ao publicar que a Palestina através do Hamas atacou Israel, a imprensa tenta criar um “Marco Zero” para este confronto. Isto é desonestidade intelectual.
Vimos o mesmo modus operandi recentemente na questão da Ucrânia, quando logo após o início da Operação Militar Especial da Rússia, a narrativa de “invasão russa” tentava sepultar os episódios de golpes na Ucrânia e o descumprimento dos Acordos de Minsk.
O conflito entre Israel e Palestina existe há mais de oito décadas. É um desserviço agora tentar estabelecer um “Marco Zero” para culpar o lado da Palestina, pois as redes sociais e a cadeia de apoios internacionais entre os muçulmanos será forte o suficiente para impor uma revisão histórica em tempo real, às custas de imagens com muito sangue de ambos os lados.
Israel pratica na Palestina uma inquestionável limpeza étnica, ignorando mulheres, crianças e idosos, para a implementação do que chama de uma “Grande Israel”.
O apoio dos EUA a Israel está agora num verdadeiro malabarismo, pois os países que apoiam a Palestina são ricos em petróleo e este é um dos piores momentos dos estoques de petróleo dos norte-americanos.
De volta ao conflito entre Israel e Palestina, a solução passa pela compreensão de que não são os judeus de Israel os culpados por isto. O que a Palestina sofre desde o fim do século 19, decorre do avanço de um projeto sionista, que visa a criação de um Estado étnico judeu na região da Palestina, que já era habitada antes pelos árabes.
Os judeus são – nesse sentido – apenas a ferramenta de vitimização que os sionistas usam para que exerçam impunemente e sob o escudo maroto do antissemitismo uma cruel colonização daquela região.
É preciso separar o que é antissemitismo do que é o antissionismo para que até mesmo os judeus possam ser menos odiados e uma possível paz seja estabelecida. A história nos mostra que é sempre importante deixar uma porta aberta ao diálogo.
A criação do Estado de Israel, em 1948, e a ocupação da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza, em 1967, é um conjunto de etapas que aprofunda este conflito e que deve ser visto como “limpeza étnica”, pois é disso que se trata.
Sozinha, a Palestina não terá a menor chance de derrotar Israel. Da mesma forma, Israel não irá conseguir extinguir a Palestina. Logo, o melhor caminho a ser trilhado neste momento é o do diálogo e o recuo de Israel. Sem isso, teremos uma guerra envolvendo muitas nações e o caos estará instaurado por muito tempo, um pouco por todo o planeta. E isto, lamento informar, é – no mínimo – o início da III Guerra Mundial.
Uma reação em cadeia é a aposta do Hamas. Isto significaria a entrada dos estados árabes, islâmicos e muçulmanos (principalmente o Irã, a Turquia, a Arábia Saudita, outros estados do Golfo e o Egito) no conflito. O que seria a tábua de salvação para as pretensões do Hamas.
No entanto, ainda não sabemos a real disposição destes países para que mais uma guerra seja instaurada na região, especialmente neste momento em que a Guerra na Ucrânia tem sido aproveitada como uma grande oportunidade nas economias e outras conquistas para estes mesmos países e povos.
Todos perdem com a guerra e muitas mortes podem ser evitadas se o bom senso prevalecer. O problema é que no mundo atual, o bom senso é uma espécie em extinção.
Preenchendo o vácuo
Todos nós já ouvimos falar que “na política não existe vácuo”, devemos lembrar que geopolítica também é política e que nela também “não existe vácuo”. O declínio da OTAN na fracassada e humilhante guerra por procuração na Ucrânia serviu para que o ataque do Hamas a Israel fosse executado como um movimento de oportunismo histórico, por parte do Irã.
Um confronto na Palestina contra Israel e os EUA é um “prato cheio” para que muitos países vejam o governo dos EUA mergulhado numa crise econômico-financeira e, assim, seja tragado para mais uma guerra e afunde abruptamente.
O Hamas usa o ódio como combustível de motivação dos seus membros e consegue mobilizar muitos simpatizantes, movidos pelo mesmo sentimento. Não é exagero afirmar que o sentimento de vingança conduz muitos muçulmanos às batalhas contra Israel, batalhas estas que além de resgatar a confiança dos oprimidos na possibilidade de por um fim às décadas de política externa hostil dos EUA no Oriente Médio, também reduzem a capacidade de reação norte-americana (e ocidental como um todo) num curto prazo.
O momento é oportuno para as pretensões do Irã, no apoio à Palestina. O Irã nega ter apoiado o Hamas, mas o faz como estratégia de propaganda. A verdadeira intenção (secretamente apoiada por China, Rússia e outros países) é forçar o governo dos EUA a imprimir trilhões de dólares enquanto luta para levantar novas dívidas.
Os países ocidentais estão engessados. Se entrarem de cabeça na nova piscina vazia dos EUA, agora tendo Israel como “testa de ferro”, serão implodidos pelos problemas nos próprios territórios, pois o apoio à Ucrânia já produz muita insatisfação e o desespero dos governantes seria agravado pela forte onda de revolta dos emigrantes muçulmanos, árabes e islâmicos que residem nestes países e que seriam, potencialmente, células de instabilidade e caos.
Se isso não é a semente da III Guerra Mundial, não teremos tempo para anunciá-la ou comentá-la, caso a temida hecatombe nuclear deixe de ser apenas uma arma de dissuasão daqueles que dominam esta tecnologia.
Nota complementar: esta análise decorre dos debates com colegas dos canais parceiros, colegas da TPA e seguidores nas redes sociais.
A IIIGM só acontece se a China ou Russia tomar um dos lados do Conflito. O que vai ser muito dificil, pois nem Xi Jimping e muito menos Vladmir Putin colocaram a mão no vespeiro da faixa de gaza!
Os EUA vai cair antes de começar uma guerra sem sentido (de novo), dessa vez o mundo acordou. Inclusive, o povo americano luta pra escapar do Sionismo.
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