Editorial Jornal Puro Sangue
Na semana passada, um órgão ligado ao Departamento de Estado emitiu um relatório apontando a Nova Resistência como um “grupo neofascista” e “quase paramilitar”, que estaria sob influência do Kremlin, através do filósofo e cientista político Alexander Dugin. De acordo com as autoridades estadunidenses, a NR estaria engajada em distribuição de “propaganda” e “desinformação”, como uma agenda para “desestabilizar democracias” pela região (América Latina).
Da NR faz parte nosso colunista Lucas Leiroz, jornalista e analista geopolítico, um profissional com conduta ilibada, assim como os demais membros do grupo, incluindo Raphael Machado, advogado na prática da profissão, aos quais a acusação de comandar grupo “quase paramilitar” soa ultrajante. O Departamento de Estado parece ignorar que se assim fosse, o Brasil conta com autoridades competentes para investigar, processar e condenar envolvidos em tais atividades, vedadas pela lei brasileira. Também que as grandes ameaças à segurança pública, com impactos na política nacional, vêm de grupos como as grandes facções criminosas e as milícias, sem contar o grande número de prefeitos, parlamentares e juízes mortos – para muito além do Caso Marielle.
Como não poderia deixar de ser, o relatório ganhou espaço nas mais diversas mídias, desde a “esquerda” até a “direita”. Neste momento, a “direita” parece esquecer os processos contra Bolsonaro e os presos do 08 de janeiro e fazem coro com o Departamento de Estado. Em uníssono com a “esquerda”, que elege a NR como bode expiatório, enquanto tem que assistir calada ao governo que defende, atualmente no poder, dar continuidade à mesma política econômica do governo anterior, incluindo imensos cortes na Saúde.
Assim, aproveitando o ensejo, o Partido Democrático Trabalhista decidiu oficializar a expulsão de supostos cinquenta membros da NR filiados ao PDT. Mais uma vez, a decisão pela expulsão seria por razões de “incompatibilidade ideológica”, já que não haveria nada contra a conduta individual desses filiados no partido. O fundador do partido, Leonel Brizola, costumava provocar jornalistas como o bordão “onde está a CIA no Brasil?”, enquanto seu sucessor Carlos Lupi parece responder de imediato a “denúncias” repercutidas pela grande imprensa, vindas do setor de inteligência dos EUA.
Assim sendo, cabe a nós denunciarmos a postura do Departamento de Estado, que ainda se vê em uma posição de “polícia do mundo”, enquanto o Itamaraty permanece calado a respeito. O Brasil não aderiu às sanções contra a Rússia e, ao contrário, tem até mesmo intensificado o comércio bilateral. Assim, respeitando o Artigo 5º. da Constituição não é crime manter diálogo com organizações nem indivíduos russos, em nome da liberdade de expressão e de pensamento. Caso haja alguma violação da lei, as autoridades brasileiras têm a prerrogativa de tratar da questão.
Brasil precisa se preparar para 1964 …2.0