Por Lorenzo Carrasco.
O desespero de Benjamin Netanyahu, o mais belicoso e inconsequente primeiro-ministro que Israel já teve em seus 76 anos de existência, é cada vez mais indisfarçável. Exasperado com a resistência do Hamas, a despeito da criminosa destruição imposta à população civil de Gaza, desafiado pela capacidade dissuasória do Hizbollah no Líbano, enfrentando protestos da população israelense pelo descaso com os reféns do Hamas e às voltas com um desgaste inusitado da imagem de Israel no cenário mundial, “Bibi” decidiu jogar suas fichas em uma drástica escalada da guerra.
O objetivo é provocar o Irã e o Hizbollah a abandonarem a sua estratégia de desgaste de Israel e atraí-los para um confronto em grande escala, ao qual imagina que os EUA de Joe Biden não poderão se furtar.
O bombardeio da embaixada do Irã em Damasco, Síria, que matou vários altos oficiais iranianos, é uma evidência das aflições e do destempero de “Bibi”. E a expectativa com uma pronta retaliação iraniana já o levou a determinar o fechamento de quase 30 embaixadas israelenses até segunda ordem. Os EUA, igualmente preocupados com a perspectiva da escalada, já advertiram Teerã para não retaliar. E o mais provável é que os iranianos não caiam na armadilha de uma retaliação imediata, como fizeram contra os EUA por ocasião do assassinato do general Qassem Soleimani, em janeiro de 2020. Como a sua estratégia de desgaste tem um prazo mais longo, podem dar-se ao luxo de escolher o momento mais propício para dar o troco à arrogância israelense.
O fato é que os “excepcionalistas” de Tel Aviv e Washington estão jogando pôquer, enquanto Teerã joga xadrez, jogo inventado pelos persas há milhares de anos. Netanyahu já perdeu sua rainha anglo-americana, às voltas com a vindoura derrocada da Ucrânia (em cuja “vitória” contra a Rússia apostaram todas as suas fichas), as suas torres “predestinadas” foram demolidas dentro do próprio Israel e seus supervalorizados cavalos de batalha estão atolados nos escombros de Gaza e no opróbrio da opinião global.
O fanatismo irracional de “Bibi”, talvez, não o tenha deixado perceber, mas apesar da sua aparente vantagem no tabuleiro, o xeque pode não estar muito longe. E o destino de Israel pode ser o preço da aposta perdida.