
Por Raphael Machado.
O Primeiro-Ministro da Eslováquia, Robert Fico, foi alvejado ontem no ombro e na barriga em uma tentativa de assassinato. Ele já foi operado, mas o seu estado ainda parece ser crítico.
O terrorista que tentou assassiná-lo é o eslovaco Juraj Cintula, um liberal de esquerda vinculado ao Partido Progressista, formação política pró-União Europeia, pró-Ocidente, pró-Ucrânia, pró-imigração, favorável à ideologia de gênero e a todas as outras pautas subversivas e anticivilizatórias que emanam do esgoto ocidental.
Ele assumiu a autoria do atentado e disse que o fez por razões políticas, por não concordar com a postura e posições assumidas por Fico. Cintula representa o típico atlantista contemporâneo: progressista, liberal, cosmopolita.

Ele se opunha a Fico por tudo aquilo que Fico representa, mais do que pela postura geopolítica dissidente: a restauração de uma civilização europeia, fundada em valores tradicionais milenares, centrado na ideia de família, de um Estado forte que tutela o bem comum dos cidadãos, da preservação de uma identidade etnocultural própria, da Eslováquia como parte de uma Cristandade e não como mero “estacionamento de shopping” vazio de valores e em que o cidadão não passa de um número.
Naturalmente, é a posição identitária europeísta que levava Fico tanto a se opor à OTAN, aos EUA e à UE como a defender o entendimento entre Rússia e Europa, tanto como civilizações aparentadas, quanto como necessidade geopolítica. Todo geopolitólogo sabe que a aproximação entre Rússia e Europa é uma necessidade demandada pela geografia, necessidade que dará a ambas partes uma grande capacidade autárquica – razão pela qual tem sido o objetivo atlantista desde pelo menos o século XIX sabotar todas as tentativas de aliança entre a Rússia e as potências continentais europeias.
Como patriota e defensor de uma civilização europeia tradicional, Fico tem sido um multipolarista; e por ser um multipolarista se opõe à insanidade provocada por Washington e Bruxelas no território ucraniano: a aniquilação planificada de uma etnia russa gerenciada por um comediante estrangeiro para tentar desgastar a Rússia e enfraquecer a civilização europeia enquanto polo autônomo potencial no mundo multipolar. Precisamente por isso, Fico tem tentado se afastar de todos os compromissos antinacionais, antieuropeus e russofóbicos assumidos por seus antecessores, interrompendo, por exemplo, todos os auxílios militares ao projeto de genocídio ocidental do povo ucraniano.
Na mesma linha, Fico tem se destacado por seus ataques ao Fórum de Davos, bem como por suas desconfianças em relação à tirania sanitária orquestrada a partir da OMS para o malefício dos trabalhadores e classes médias anos atrás.
Tudo isso somado me leva a crer que a tentativa de assassinato de Fico, que talvez venha a se consumar, a depender da vontade de Deus, da perícia dos médicos e de sua força de vontade, foi arquitetada a partir dos corredores e porões dos serviços de inteligência e subversão do mundo atlântico.
Em um artigo escrito para a Fundação Cultura Estratégica, eu utilizei a ameaça de bomba na Embaixada Russa no Brasil como ponte para refletir sobre a possibilidade de ataques terroristas contra alvos russos e pró-russos ao redor do mundo – expandindo uma tática de terrorismo que até então havia se limitado às fronteiras eurasiáticas.
Poucas semanas depois, em um ataque reminiscente do ataque contra o arquiduque Francisco Ferdinando que acendeu o pavio da Primeira Guerra Mundial, vemos um atentado terrorista como o mencionado por mim.
Essa internacionalização da tática terrorista contra a vanguarda multipolar significa para a Europa (onde esse tipo de operação talvez se concentre mais) a possibilidade de sua “africanização” política – ou seja, que a Europa viverá tempos de assassinatos políticos, guerras civis, separatismos e golpes militares ou civis, tudo construído com o objetivo de impedir a reorganização do continente em um sentido soberanista e multipolar.
Agora, um atentado como esse, potencialmente organizado pelos serviços de inteligência ocidentais, dificilmente seria possível sem uma colaboração interna que vá além de um “lobo solitário” arco-íris. É necessário analisar uma potencial negligência consciente por parte da própria segurança eslovaca.
É necessário recordar, que se Fico é primeiro-ministro, a presidência de seu país é, hoje, ocupada por Zuzana Caputova, uma política atlantista que apoia a escravidão da Europa às elites globalistas.
Esse atentado, agora, serve como alerta para todas as lideranças europeias que estejam desafiando o Ocidente ou pretendam fazê-lo.
O Kali Yuga não será superado sem que aqueles que se opõem às suas tendências mais dissolventes estejam dispostos a arriscar as suas vidas.