Muitos reconhecem o acerto de Guedes e sua equipe econômica na redução da taxa Selic a níveis realistas, compatíveis com parâmetros internacionais. Na realidade, o banqueiro atua unicamente como emissário, com a missão de garantir a capacidade de que a nação continue sendo boa devedora – ou seja, tem o único encargo de garantir nosso estado de solvência, destinado inteiramente à satisfação de interesses de terceiras partes. Afinal, as eufóricas emissões de dívida com a Selic a 14% são sustentadas até hoje, já que se tratam de títulos a longo prazo.
Mais do que uma evidência, parece também ser a opinião de Rogério Marinho, que se refere a Guedes como um economista defasado e hoje um estorvo ao governo. Difícil ter visão diferente, já que o economista de Chicago se vangloria publicamente da sua aparente expertise em vender o que pode ser vendido, geralmente no formato de saldão – maquiado por termos como descomissionamento, desmobilização, e descartes de subsidiárias (ordinariamente referidas como “cacarecos” pelos assinantes dos relatórios de tabulagem da Faria Lima).
Talvez ainda não seja a convicção de Bolsonaro, mas já é a de muitos partícipes dos bastidores do governo: Guedes executa sua função de anestesista, atuando no controle dos sinais vitais básicos com a intenção de manter vivo o corpo moribundo submetido à tortura – enquanto lhes arrancam os dentes e os dedos, na promessa de que um dia brotarão novamente pela misericórdia de investidores internacionais.
por Vicentino