
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a consultoria brasileira Planar estão juntando esforços para criar espaços de inovação científica no país para aproveitamento do grafeno.
O acordo entre a Embrapii e a consultoria quer integrar as unidades de pesquisa da entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações com dois dos mais destacados cientistas que hoje estudam o grafeno. Os dois cientistas são os físicos Antônio Hélio de Castro Neto e Konstantin Novoselov, cidadão russo-britânico que foi responsável por primeiro isolar o grafeno e por isso recebeu o Nobel de Física em 2010.
Os físicos são os responsáveis pela consultoria Planar, que estuda grafeno e outros materiais avançados 2D. Além de Novoselov, o brasileiro Antônio Hélio de Castro Neto foi o responsável por montar e dirigir em Cingapura o Centro de Pesquisas em Grafeno da Universidade Nacional do país.
A Embrapii está aproximando as duas maiores autoridades no material de sua rede de centros de pesquisa e desenvolvimento, a fim de promover inovações e aplicações do grafeno no Brasil. A ideia é criar possíveis rotas tecnológicas nacionais que apliquem o grafeno em processos e produtos, possibilitando a geração de patentes brasileiras na área de materiais avançados.
O grafeno é a forma cristalina do carbono, e por isso é o material mais leve e mais resistente que existe, sendo duzentas vezes mais resistente do que o aço e considerado o melhor condutor de calor e eletricidade. Além disso, é flexível, impermeável e transparente. Este conjunto de caraterísticas permite supor que o grafeno terá aplicações revolucionárias em uma variedade de setores industriais e científicos.
Como o Brasil é um dos países com maiores minas de grafite no mundo, ao lado de Canadá e China, o potencial de aproveitamento existe.

Mas para que isso aconteça da forma mais nobre – desenvolvendo tecnologia de materiais e patentes nacionais – será preciso mais do que fazer a pesquisa científica. Como se sabe, a ciência brasileira é de boa qualidade e abundante. O que nos costuma faltar é o desenvolvimento do saber em produto.
E é aí que o governo terá que agir com decisão. Não basta incentivar a pesquisa do grafeno se não houver uma política industrial de transformação do material em produtos aplicáveis sob domínio técnico e comercial de empresas nacionais. Como se trata de um material com amplas aplicações, o grafeno tem condição de se tornar um vetor de reindustrialização importante.
Bastaria pensar no complexo aeroespacial, nas tecnologias médico-hospitalares, nos equipamentos elétricos e outros segmentos em que o Brasil ainda tem alguma proeminência.
Comentário: Bolsonaro, que falou tanto em grafeno antes de assumir a presidência, poderia dedicar maiores atenções a esse setor. Com ou sem a anuência de seu subordinado no Ministério da Economia.
Publicado no site Revolução Industrial Brasileira em 14.10.2020