Por Felipe Quintas
Klaus Schwab, o fundador do Fórum Econômico Mundial e um dos arautos do chamado “Great Reset”, clama por “reimaginar o capitalismo” e critica o neoliberalismo por se concentrar apenas nos lucros imediatos [1].
Porém, ele não diz uma palavra sobre a necessidade de reconstruir as instituições e práticas típicas do que se entende (ou se entendia) por Estado de bem estar social: controle estatal sobre as finanças e as infraestruturas, pleno emprego, direitos trabalhistas, sindicatos e movimentos cooperativos fortes, uma sociedade formada majoritariamente por uma pujante classe média onde praticamente todas as pessoas, com menos de 25 ou no mais tardar 30 anos, tinham emprego estável, casa própria, carro e família.
Pelo contrário, os pivôs do “novo capitalismo” e da “economia melhor” defendidos por Schwab são, segundo ele, o Fridays for Future (da Greta Thunberg), o MeToo e o Black Lives Matter. Todos representantes da aristocracia financeira-tecnológica-identitária, que, longe de representar aqueles que dizem defender, são nada mais do que a nova minoria privilegiada na ordem neofeudal que se desenha, sem estratos médios significativos e sem possibilidade de ascensão social.
No topo, os senhores feudais, uma aristocracia financeira-tecnológica-identitária hereditária e improdutiva, assentada em relações de confiança e honra com os governantes, que, assim como os reis feudais, não teriam tantas atribuições administrativas/governativas já que essas seriam em maior parte exercidas pelos senhores feudais; na base, uma numerosa massa servil, espoliada e despossuída de tudo exceto suas ferramentas de trabalho (no caso hoje, smartphones e notebooks), trabalhando para aplicativos e/ou em teletrabalho, cujas plataformas são verdadeiros feudos digitais controlados por aquela aristocracia; e entre eles, os novos clérigos, formados por jornalistas e alguns intelectuais, em sua maioria mal remunerados e pregadores de ambientalismo e identitarismo, que, assim como o cristianismo na Idade Média, servem hoje como uma ideologia de justificação da hierarquia (neo)feudal e de doutrinação dos valores de resignação com a pobreza e de imobilismo social, exemplificados nos seguintes slogans: menos é mais, novo normal, fique em casa, andar de avião destrói o clima, carne de grilo é o alimento do futuro, o ser humano é a praga do planeta etc.
Cazuza disse que via o futuro repetir o passado. Talvez ele não imaginava que esse passado seria o feudal, que nunca tivemos mas que, pelo capachismo aos países que o tiveram, seremos obrigados a ter, se a atual tendência não for revertida.
[1] – https://time.com/…/grea…/5900748/klaus-schwab-capitalism
Brilhante comentário ! -esses dominadores e manipuladores deste mundo tenebroso, representados na figura maquiavélica e sinistra do Sr. Klaus Schwab, sempre controlando e orientando o sistema capitalista. Os países não tem como agir de maneira independente. A banca financeira internacional, com suas ramificações norte americanas e europeias querem sempre saquear as nações periféricas e ditar as regras econômicas. Agora, esta “pseudo pandemia”, congelaram o mundo, enquanto o aquecimento global faz seus estragos rumo a extinção terrestre. Não existe resposta para milhões de desempregados em todo o mundo ocidental, que vai piorar muito com a telefonia 5G(máquinas autônomas fazendo o trabalho humano )- Agora já não é mais possível por a máquina de guerra em ação, movimentando a produção industrial, como ocorreu na WWII, e enriqueceu os EU, tirando-o da grande depressão dos anos 20. O poder nuclear da Russia e China garantem o MAD ( destruição total assegurada de ambos os lados e do muno inteiro em caso de agressão). As elites ocidentais, enlouquecidas pela perda de poder e influência via dólar,caso os EUA continuem em declínio rapidamente, podem inventar qualquer coisa para se manterem no topo da cadeia alimentar. Anos muito perigosos vamos enfrentar pela frente, já que a população de equilíbrio do mundo é de apenas 500 milhões de pessoas e já em meados desta década irá bater a casa de 8 bilhões de almas desesperadas por trabalho, alimento, moradia, transporte e educação. Uma complexa equação sócio- econômica para se resolver. Nos países sub-desenvolvidos, com uma população ainda na área rural, talvez seja uma saída, voltarmos para o campo- o chamado neo-feudalismo, pequeno feudo e seus senhores, com suas relações de troca; que existia antes do capitalismo, mas com muita dor e confusão.
Uma análise curta, grossa e precisa. Parabéns ao autor!