Os preços de insumos que servem de base para a cadeia produtiva brasileira registram a maior alta desde o início do Plano Real. A pressão desse aumento é tal que está espalhando a inflação, antes concentrada no produtor, por vários setores da economia, chegando ao consumidor de forma cada vez mais intensa.
De acordo com levantamento feito pelo economista Andre Braz, do Ibre FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o preço das matérias-primas brutas, como soja, milho, carnes e minério de ferro, acumula alta de 68% nos 12 meses encerrados em outubro, aumento inédito desde o fim do período de hiperinflação.
Entre os motivos dessa alta estão a desvalorização cambial e o aumento do preço desses itens em dólar, no mercado externo. Pesam ainda o desabastecimento de alguns produtos por causa do aumento das exportações e do rápido aquecimento da demanda, após a paralisação de diversas cadeias produtivas por causa da pandemia.
Temos dois fatores que influem: a desvalorização cambial e o desabastecimento no Brasil. A desvalorização, por sua vez, está atrelada à fuga de capitais, que já tinha começado antes da pandemia. Nesse sentido, o aumento de exportações ajuda a manter o equilíbrio da balança de pagamentos.
O governo, por outro lado, abandonou a política de estoques e combate o desabastecimento, também fomentado pelas exportações, com reduções tarifárias, como fizeram com o milho e com a soja, por exemplo.
Qual a receita da equipe econômica diante desse cenário, ao qual se soma o desemprego recorde, e com viés de alta? Privatizações, como forma de “captar investimentos externos”, ainda que em um cenário bastante desfavorável pela economia claudicante.
Quem quiser que acredite nesta receita…
Com informações Folha de São Paulo