Um convidado que custa a ir embora, mesmo depois do fim da festa e com o dono da casa doido para dormir.
É nessa toada que Roberto Castello Branco vai viver seus últimos dias de presidente da Petrobrás. O executivo participou hoje (25) de sua última conferência com investidores da empresa e confirmou que permanecerá no cargo até o fim, no dia 20 de março. É um mal estar para todos, especialmente para a Petrobrás, que já poderia começar a olhar adiante com seu novo presidente – o general Joaquim Silva e Luna. Uma situação que poderia ser resolvida com um até logo e uma carta de renúncia. Seria mais confortável. Mas Castello Branco preferiu resistir. E foi além. Mandou um recado indireto ao vestir uma camiseta “mind the gap“, uma expressão usada nos transportes ferroviários ingleses (cuidado com o vão), uma espécie de recadinho mal criado às críticas que vem recebendo pela forma como conduziu a companhia e os reajustes de preços de combustíveis. Uma atitude quase juvenil que, nesta altura do campeonato, só torna mais melancólica sua saída da Petrobrás. Sensatez nunca faz mal a nada. Bom senso, então.. Mas é um elixir. Raríssimo.
O executivo voltou ainda a defender a política de preços da Petrobrás: “É surpreendente, em pleno século 21, dedicarmos tanta atenção para isso. Os combustíveis são commodities, como soja, minério de ferro, açúcar, café, trigo, cobre e vários outros. São commodities cotadas em dólares. Seus preços formados por oferta e demanda global. Não há como se desviar deles. A experiência com inovação de fugir da regra do Preço de Paridade de Importação, a Petrobrás já provou que foi desastrosa“, declarou Castello Branco.
Difícil é explicar isso para o brasileiro na ponta, que só neste ano viu seus custos com a gasolina aumentarem em pelo menos 34% no ano, ganhando em real. É evidente que ninguém quer que a companhia arque com prejuízos. Mas é preciso achar um meio termo. Uma forma de suavizar os repasses ao consumidor, dar-lhe previsibilidade para que se organize e, ao mesmo, garantir os ganhos da empresa. Castello Branco, porém, aparenta não querer esse meio termo e disse que “no fim das contas, o Brasil não é um país onde os preços são caros”. Certamente. Para quem tem ganhos mensais em torno de R$ 400 mil, ter jatinho à disposição, carros, seguranças e cartão de crédito pago pela companhia, não mesmo.
“Eu não estou falando isso [que os combustíveis não são caros no Brasil] por achismo. São informações públicas. A respeito da coleta de preços para 163 países divulgadas pela globalprices.com. Se vê que a média dos preços do Brasil estão abaixo dos preços globais. No caso do diesel, mais de uma centena de países tem o preço acima dos preços do Brasil”, disse o executivo.
Por fim, Castello Branco declarou que a empresa foi acusada injustamente de falta de transparência, porque não revelou sua política comercial. “Nenhuma empresa privada no mundo revela detalhes de sua política comercial publicamente. Os principais interessados nisso são os concorrentes. O básico da transparência nós temos. Nenhuma empresa divulga fórmulas. Eu espero viver um dia em que o assunto do preço de combustíveis seja irrelevante, como deixaram de ver todos os demais preços da economia“, concluiu
Com informações Petronoticias