Dando fim ao cerco policial de semanas, a polícia de Goiás capturou o bandido Lázaro Barbosa baleado, após troca de tiros no momento da captura. Como era de se esperar, ele veio a óbito.
Boa parte da cobertura jornalística centrou-se no argumento que se tratava de um “serial killer”, um tipo de assassino em série comum nos EUA, até pela brutalidade de alguns crimes que ele cometeu, sendo um em que ele matou uma família de quatro pessoas, antes de violentar a mãe. Muitos jornalistas, até por terem mais familiaridade com as séries Netflix do que com delegacias e batalhões policiais contribuíram para isso, preferindo fazer todo seu trabalho de apuração e redação atrás de um computador.
Mas a versão mais plausível é que se tratava de um pistoleiro de aluguel, que prestava seus serviços em uma região, no interior de Goiás e entorno de Brasília, onde os conflitos por terra não são raros. Assim, sua habilidade em fugir e despistar a polícia não se creditava aos supostos pactos satânicos, que o folclore criado pela mídia nos fez crer, mas à colaboração de algumas pessoas a quem Lázaro prestou serviço, mantendo-o escondido. Até quando a notoriedade da sua perseguição permitiu, sendo mais conveniente para todos que se entregasse ou fosse morto.
Isso serviu para que surgissem uma saraivada de críticas proveniente da “bolha progressista” das redes sociais, pois, na visão destes, caberia às forças policiais prendê-lo e trazê-lo com vida à delegacia mais próxima, para que Lázaro, um bandido capaz das maiores atrocidades, pudesse confessar e seus crimes e denunciar os mandantes dos assassinatos que cometeu por encomenda.
Esquecem estes que não se trata de um criminoso qualquer, mas alguém com ficha corrida em assassinatos, que, no momento da captura, atirou contra policiais, ao que, como diz o protocolo de qualquer força de segurança do mundo, cabe ao policial reagir da mesma maneira.
Mas supondo que Lázaro pudesse ser capturado vivo, como fazê-lo falar? Em outros tempos, a polícia arrancava confissões no famoso pau de arara, ou talvez utilizando a técnica do “telefone” (tapas nos ouvidos), mas tal conduta das forças policiais, além de ilegal, acarretaria muito mais críticas – nesse caso, com razão. Ou talvez que Lázaro pudesse assinar uma espécie de acordo de delação, nos moldes feitos no âmbito da Lava Jato, em que entregaria os mandantes em troca da diminuição da pena?
Ora, todos já sabem que se trata de um condenado reincidente, que já ganhou progressão de pena mesmo com laudo policial que atestava sua periculosidade e traços de psicopatia, que, de novo preso, escapou da cadeia para cometer mais crimes violentos.
Ainda restou ao pessoal da bolha condenar a comemoração dos policiais envolvidos na operação de captura, ignorando o alívio desses policiais que estão arriscando a vida para caçar um bandido que ameaçava os moradores de sua cidade, incluindo seus parentes e amigos, estando estes desarmados para enfrentá-lo. O que sobra de empatia ao criminoso – tendo em vista o esdrúxulo pedido da Defensoria Pública para que se “zelasse pela integridade física” de Lázaro – falta em relação às forças policiais e aos moradores da região.
Pelo menos nesse caso, ficou claro para o sentimento popular que a justiça foi feita. Nada mais que isso.