Pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira (28/1) revela que o rendimento médio do brasileiro recuou 11,5% em relação ao mesmo período de 2020, atingindo R$2.444,00. Trata-se do menor valor dos últimos 10 anos.
Para piorar, essa queda histórica ocorre em um momento em que a inflação segue nas alturas, com os itens de mercado ficando semanalmente mais caros e o litro da gasolina sendo cobrado a preços cada vez mais obscenos.
O recuo na renda dos brasileiros acontece mesmo com o retorno das atividades econômicas, o que fez, por exemplo, a taxa de desemprego cair para 11,6%. Ainda assim, quase a metade dos brasileiros empregados está em trabalhos precários (como entregador aplicativo) ou então trabalham “por conta própria” (como vender bole de pote na rua). Esta última ocupação registrou um crescimento assombroso de 14,3% anual, o que é um sinal de que o povo brasileiro está tentando se virar como pode na falta de boas oportunidades de emprego.
Enquanto os brasileiros comuns amargam perdas no poder aquisitivo – o que, na prática, se traduz em aumento da inadimplência, incapacidade de prover conforto aos filhos, desagregação familiar, depressão, alcoolismo e suicídios – as grandes corporações como Bradesco, Itaú, Magazine Luiza e Vale (que, se Deus quiser, será um dia renacionalizada) viram suas taxas de lucro bater recordes. A princípio, essa situação deveria ser um paradoxo, uma vez que a maioria da população brasileira vivencia uma crise econômico-social sem precedentes.
Basta vermos o gráfico abaixo: até setembro de 2021, as grandes corporações financeiras do país distribuíram em dividendos incríveis R$209 bilhões. O valor já supera em muito o total de 2019, sendo que os dividendos distribuídos no último trimestre sequer entram na conta. Ou seja, o valor final das riquezas amealhadas em 2021 pelos financistas que operam no Brasil será ainda maior.
Evidentemente que o grande responsável por esse cenário atende pelo nome de Paulo Guedes. Trata-se do czar da economia do país que não só endossou as criminosas Reforma Trabalhista e Lei do Teto de Gastos, herdadas do governo antipatriótico neoliberal de Michel Temer/Henrique Meirelles, como também foi o mentor da Reforma da Previdência, dificultando assim o acesso a esse importante mecanismo de distribuição de renda que é a aposentadoria.
Além disso, o cofundador do BTG Pactual também tem agido de maneira sistemática para espremer ainda mais os pais e mães de famílias brasileiros, ao adotar políticas que favorecem os fundos financeiros e os grandes bancos (que, vale lembrar, foram agraciados com R$1 trilhão em 2020) e promover o desmantelamento da indústria nacional, setor econômico que paga os melhores salários.