2021 foi um ano de inflação alta, puxada pelo setor de energia. O que não deixa de incomodar o governo, de olho na eleição.
Diante da escalada dos preços, busca medidas compensatórias, como a PEC dos Combustíveis, que deve entrar na pauta, assim que começar a sessão legislativa de 2022, no início de fevereiro. Por este instrumento legal, o governo quer controlar o preço do gás e do diesel, mas não da gasolina, mas sem mexer na política de paridade da Petrobras. Prevendo a alta dos preços que vem se confirmando, quer usar o recurso dos royalties para criar um fundo compensatório para os importadores.
Para a energia elétrica, o governo pretende usar a receita da “capitalização” da Eletrobras, termo pelo qual ele define a privatização da estatal por meio da venda de ações, para reduzir encargos na conta de luz, como o PIS e a COFINS. Ou seja, quer compensar a perda de receita corrente com o incremento temporário da receita de capital.
Em meio a esse quadro negativo, até mesmo “O Globo”, órgão de mídia ferrenho defensor das privatizações, vem criticando o estado do setor elétrico brasileiro, em que o consumidor ainda paga bandeira vermelha mesmo com todos os reservatórios das hidrelétricas cheios, em função das chuvas torrenciais que vem caindo em boa parte do país desde o final do ano passado. O Operador Nacional do Sistema, entidade privada que controla a distribuição da geração de energia, ainda sobrecarrega as termelétricas em detrimento das hidrelétricas, como se estivéssemos ainda em período de seca.
Enquanto isso, o mesmo “O Globo” não deixa de dar destaque aos lucros recordes do setor, cada vez mais sob o controle do setor privado. Maiores problemas não ocorrem pelo baixo crescimento da economia brasileira, que, no ano que vem, deve ser um dos mais baixos entre as maiores economias do mundo.
Diante de um mundo em que o conflito entre os países centrais vem se acirrando, com tensões na Europa, golpes militares na África – fomentados, nos bastidores, pela França – e tentativas malogradas dos EUA em conter a China na Ásia, o Brasil parece só assistir, tal como o presidente cabisbaixo em seu pequeno cercadinho em Brasília.