Por João Mulato
Quem por ventura assistiu ao Jornal Nacional desta sexta-feira, 22 de outubro, teve o desprazer de cruzar com reportagens que certamente garantiriam à Rede Globo o prêmio “Jornalismo Criminoso do Ano” caso este existisse.
O que se viu ali foram peças de propaganda eivadas de objetividade jornalística para promover o mais puro terrorismo midiático em torno de uma das raríssimas decisões acertadas do Governo Federal: a criação do Auxílio Brasil no valor de R$ 400, que é, basicamente, destinado aos brasileiros que têm passado fome no país. Uma medida, evidentemente, não só necessária, mas absolutamente urgente.
A opção da Rede Globo pelo terrorismo midiático se deu porque o Auxílio Brasil romperá com as amarras impostas pela abominável Lei do Teto de Gastos (também conhecida como Lei do Estrangulamento do Brasil). Como bem sabemos, essa lei, de autoria do Governo Temer, visa não outra coisa que impedir o investimento público que enderece gargalos históricos nacionais, fazendo assim com que haja mais recursos públicos disponíveis para alimentar a farra da dívida pública brasileira. Dívida esta, que, como também bem sabemos, é controlada pelos mesmos responsáveis por espalhar a ideologia de gênero junto à nossa juventude: os financistas transnacionais.
Ou seja, para a seita financista que suga as riquezas brasileiras, a Lei do Teto de Gastos deve ser sagrada e inviolável. Nada justifica desobedecê-la, nem mesmo um auxílio que provavelmente saciará a fome de mais de 100 milhões de brasileiros.
Como principal porta-voz do financismo anglo-sionista no Brasil, coube à Rede Globo, por meio da edição do Jornal Nacional desta sexta-feira, veicular reportagens compostas quase que exclusivamente por mentiras rasteiras, especulações estéreis e muita desinformação.
A farsa começou com o eterno entreguista Willam Bonner, que cravou, em tom apocalíptico, que “o anúncio do Auxílio Brasil fez os valores do real e das empresas brasileiras derreter”. A narrativa foi então continuada por repórteres vende-pátrias que se dedicaram a dar voz a entrevistados meticulosamente escolhidos para defender, sob o verniz da “imparcialidade”, os interesses transnacionais.
De um rapazote com cara de investidor em bitcoin, apresentado como economista de uma gestora financeira qualquer, ouvimos “guinada populista”, termo empregado de forma negativa toda vez que um governo adota medidas populares em detrimento da elite apátrida. Na sequência, outro financista que certamente nunca pegou um ônibus na vida encheu a boca para falar de um “rombo fiscal”, sendo sucedido por um sujeito de nome “Tony”, que vaticinou que “as previsões de crescimento irão cair” e que “se a medida não for revertida, ainda teremos um crescimento ainda menor”.
Até mesmo o ex-futuro ministro da Fazenda do Governo Haddad, o economista globalista neoliberal Marcos Lisboa foi ouvido para, claro, espalhar o pânico na população com mentiras. Entre elas, a de que “as empresas e investidores começaram a ir embora do Brasil, reduzindo o emprego”.
Mas as declarações mais canalhas ainda estavam por vir. Depois de reportagem sobre a entrevista coletiva do Bandido de Chicago – uma das alcunhas pela qual é conhecido o banqueiro Paulo Guedes – uma terceira reportagem foi ao ar, desta vez para tentar convencer os brasileiros mais necessitados que o Auxílio Brasil de R$ 400 vai, na verdade, prejudicá-los.
Novamente, o Jornal Nacional não hesitou em lançar uso da abjeta técnica manipulativa de deixar essa conclusão absurda e mentirosa a economistas pretensamente “isentos”. Um deles foi um sujeito do porte físico de um Átila Iamarino, chamado Simão, que batizou a medida de “populista de segunda linha”, emendando na sequência que o “Auxílio Brasil vai prejudicar os mais pobres”.
O mau-caratismo não parou por aí. Houve ainda espaço para uma economista com cara de madame e de quem nunca segurou uma vassoura afirmar que o Auxílio Brasil “fere as regras do jogo democrático por ter objetivos eleitorais”. O gaguejar no final da fala e a postura corporal vacilante denunciaram que provavelmente nem ela acreditava na declaração hipócrita.
E, por fim, a palavra foi ainda concedida a um dos maiores inimigos ideológicos do Brasil, o economista neoliberal Alexandre Schwartsman, autor de uma coluna fixa na Folha de S. Paulo e comentarista tarimbado de diversos programas de televisão, que proferiu a clássica ladainha de que “recursos existem em abundância” e “poderiam ser transferidos de outras áreas”, o que preservaria a inviolabilidade sagrada do Teto de Gastos.
A inescrupulosa edição do Jornal Nacional deste 22 de outubro de 2021 se dá em um tempo em que a Rede Globo não detém mais o poder quase monolítico de outrora, graças à internet. Ainda assim, a emissora segue com uma capacidade de influência na opinião pública brasileira extremamente significativa, o que torna ainda mais grave a cobertura jornalística que visa deslegitimar e, se possível, fazer revogar uma medida que traria um pequeno alento a milhões de pais e mães de família aflitos pela penúria do desemprego e da fome.