
Passamos a vida inteira assistindo filmes não do nosso Oeste mas do Oeste americano, o desembarque sempre foi do soldado Ryan e não do soldado João. Aprendemos desde novos o que era a Lei Seca e suas máfias, enquanto ignoramos as nossas próprias leis e as nossas próprias quadrilhas.
O nosso alimento principal nas ruas vem de redes de lanches americanas ou americanizadas, não existe uma rede de fast-food, ou melhor, de comida rápida que sirva coxinha acarajé ou baião de dois, tapioca açaí e churrasquinho de gato.
Nenhum prédio ou condomínio de luxo no Brasil tem o nome de Nossa Senhora das Graças ou Dr. Carlos Alberto da Silva, não fiz a estatística mas devem existir mais de mil condomínios e domicílios imobiliários coletivos no Brasil chamados de Beverly Hills.
Boa parte do nosso vocabulário usa palavras em inglês, sem necessidade alguma, pois temos palavras em português bem melhores e mais explicativas, mas é interessante usar esses termos porque é assim que aprendemos a ser chiques e esnobes.
Somos um país cristão que, ao invés de referenciar e reverenciar os Três Reis Magos, encomendamos uma divindade pagã que se veste de pesada roupa vermelha, anda num trenó puxado por renas – aliás duvido que alguém aqui já tinha visto uma rena na vida com exceção do Wellington Calasans – isso em pleno verão do hemisfério Sul com 50 graus à sombra.
Não satisfeitos nossos yuppies e ancaps, principalmente aqueles vomitados no mercado por faculdades de Propaganda e Marketing ainda ajudaram a matar o Saci Pererê em sua família, tudo isso em detrimento do horroroso e abominável Halloween, festinha, aliás, sem graça, onde os projetos de imbecis de amanhã correm atrás dos doces hoje.
Fazemos isso sem cerimônia depois de termos satanizado a figura dos dois nobres irmãos médicos Cosme e Damião, pois até o nosso Cristianismo foi modificado pelo neopentecostalismo e pelos pastores caça-níqueis digitais, que transformaram os dois nobres irmãos em um misto de párias e feiticeiros.
Honestamente, sei que o trabalho que eu e meus amigos teremos para recuperar a moral, a autoestima e o amor pelo que é nosso não será fácil, mas prometemos uma luta incessante antes que passemos, Deus nos livre!, a comemorar o Dia de Ação de Graças.
Somos nacionalistas, somos defensores do conteúdo brasileiro, luso e até ibérico, porque somos todos latinos, somos nacionalistas, mas abominamos o nazismo e suas vertentes, somos inclusivos e estamos de braços abertos para qualquer cidadão do mundo que queira o bem do nosso país e do nosso povo.
Se todos os povos forem nacionalistas como nós, o mundo será um lugar melhor de se viver. Não pregamos o ódio étnico ou racial e defendemos a autodeterminação dos povos, respeitamos e queremos respeito, não queremos explorar nem ser explorados, queremos fazer da nossa existência nessa bola azul o melhor do que ela possa nos proporcionar nessa passagem.
Atenciosamente,
Rubem González.