Por Felipe Quintas.
Toda essa rebordosa no Peru, que não é a primeira nem será a última, nada mais é do que consequência do esfarelamento institucional do país, que já vem de muito tempo. A construção nacional, de uma autoridade nacional integrada e centralizada, é fundamental para haver ordem e progresso, mas, infelizmente, o Peru falhou. Quanto mais o país se inviabiliza, mais os caciques, politiqueiros e agiotas fazem a festa. O Brasil está começando a seguir esse caminho, que será ainda mais doloroso para nós por termos muito mais território e recursos em jogo.
Se o caos que impera no Peru ainda não chegou ao Brasil, é porque, no século XX, o Estado Novo e o regime militar reconstruíram o Poder Moderador e edificaram uma autoridade nacional centralizada, impedindo que a República brasileira descambasse para o caudilhismo e a instabilidade típicos das demais repúblicas sul-americanas, que ganhavam forma aqui tanto às vésperas de 1937 quanto de 64.
À medida que, nas últimas décadas, o Brasil consolidou um modelo parlamentarista de política, o chamado “presidencialismo de coalizão”, e o próprio “Centrão”, que dava algum equilíbrio a esse sistema, se enfraqueceu e pulverizou após a Lava Jato, essa autoridade centralizada desapareceu, o que faz o Brasil começar a seguir esse caminho, sendo a polarização ensandecida entre bolsonaristas e petistas, ambos sustentados em forças externas sediadas nos EUA, uma expressão inicial disso. Em princípio o STF poderia assumir e exercer o Poder Moderador e realmente se propõe a isso, porém, como possui uma visão liberal e transnacional da política, mostra-se incapaz de corresponder à missão e ainda se torna, na prática, mais um elemento desestabilizador.
Excelente artigo e análise e os exemplos do que não fazer estão a nossa volta …
Excelente artigo e análise e os exemplos do que não fazer estão a nossa volta … é só não vê quem não quer …